Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O processo exitoso de descentralização no Controle da Tuberculose na Área Programática 3.3 O processo exitoso de descentralização no Controle da Tuberculose na Área Programática 3.3 O processo exitoso de descentralização no Controle da Tuberculose na
Darleia Ramos da Rin

Resumo


O processo exitoso de descentralização no Controle da Tuberculose na Área Programática 3.3 Darleia Ramos Da Rin[1] Andrea Silveira Manso2 Danielle Elias Pinheiro3 Introdução A Coordenadoria de Saúde da Área Programática da 3.3 está localizada dentro do Hospital Maternidade Herculano Pinheiro no bairro de Madureira, abrange 29 bairros da Zona Norte, faz limites com os Municípios de Nilópolis e São João de Meriti e com os bairros de Deodoro, Vila da Penha, Piedade . Apresenta uma população de 942.051 mil habitantes ( Município do Rio de Janeiro – 2010, Tabela: 2961). Atualmente possui 5 Clínicas da Família, 14 Centros Municipais de Saúde, dos quais 3 como referências secundárias em Pneumologia Sanitária, sendo estes CMS Alberto Borgerth, em Madureira, CMS Clementino Fraga, em Irajá e CMS Augusto do Amaral Peixoto, em Guadalupe ( SMSDC, 2010). Possui um quantitativo de 2.503 funcionários, sendo estes 1384 estatutários e 1119 celetistas ( dados fornecidos CAP 3.3). Suas unidades, em 2011, apresentaram 811 casos de tuberculose no livro de registro e acompanhamento, e 2976 casos de sintomáticos respiratório registrados ( dados fornecidos pelas unidades de saúde). A luta contra a tuberculose na área tem sido discutida diariamente em todas as unidades, tendo o envolvimento de todos os profissionais da área, uma vez que seu território propicia a incidência da doença. O município do Rio de Janeiro ocupa o 3 lugar no Estado, e este ocupa o segundo lugar em incidência da doença no país com uma incidência de 71,8 por 100 mil/habitantes. O Brasil ocupa o 19º lugar entre os 22 países com a maior incidência mundial, com 72 mil casos de tuberculose, 4,5 mil mortes por ano (BRASIL, 2007). No mundo 9 milhões de pessoas adoecem anualmente com tuberculose e cerca de 1,5 milhões morrem, 80% dos casos estão concentrados nos 22 países. Em 1998, o Ministério da Saúde declarou o Controle da Tuberculose como prioridade nacional, por este motivo houve a necessidades de descentralização dos serviços na Atenção Básica. Com a crescente política de criação dos PSF ( Programas Saúde da Família ), acredita-se que se terá um controle e consequentemente uma redução da doença (CASTILLO,2009). Cabe a Atenção Básica: prevenção e diagnóstico, tratamento e acompanhamento. Prevenção e diagnóstico: : realizar a vacinação de BCG ( Bacilo de Calmette Guérin), fazer busca ativa de sintomáticos respiratórios, coletar escarro para baciloscopia, solicitar cultura, realizar teste tuberculínico, oferecer teste anti HIV (vírus da imunodeficiência humana), investigar todos os contatos. Tratamento: indicar e prescrever o esquema básico ( dose combinada: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol), realizar o TDO ( tratamento diretamente observado), manejar reações adversas menores, encaminhar para referência quando necessário (Ministério da Saúde, 2009). Acompanhamento: preencher os instrumentos de vigilância, oferecer apoio aos doentes nas questões trabalhistas e sociais. A tuberculose é uma doença que tem cura, entretanto, existe a necessidade de adesão ao tratamento no período de 6 meses, sendo 2 meses o período das doses de ataque e 4 meses o período das doses de manutenção ( BRASIL, 2010). O agente causador da doença é encontrado na secreção pulmonar da pessoa doente, por isso, a necessidade de realizar o exame chamado de baciloscopia. Todas as pessoas que estiveram próximas ao doente de­vem ser examinadas ( exame dos contatos). Por ser transmitida de pessoa a pessoa, através da respiração, quando alguém doente tosse, fala ou espirra, outras pessoas podem infectar-se (GENTA, CONNOR, 2002). Muitos estigmas e preconceitos acerca da doença ainda são explicitados por boa parte da população (PÔRTO,2007). O trata­mento da tuberculose e seus remédios são oferecidos pela rede pública de saúde, onde recomenda-se o tratamento diretamente observado, que deve ser realizado por um profissional de saúde que esteja capacitado para supervisionar esta dose. O TDO poderá ser realizado no serviço de saúde, no trabalho, na residência ou outro lugar onde o paciente ache apropriado. A Tuberculose é uma doença infecto contagiosa, conhecida a milhares de anos pela sociedade. Datada na Humanidade há mais de 8.000 ac (antes Cristo). Várias civilizações a consideravam um castigo Divino (FUNDO GLOBAL, 2009). Na história já esteve ligada às almas tristes e poéticas. Era frequente a referência da Tuberculose entre escritores, músicos e poetas. Nesta época morria-se muito jovem. No século XVIII (1750), foi conhecida como Peste Branca, chegando a apresentar taxas de mortalidade de 200 a 400 mortos por 100.000 habitantes. Em 1882, Robert Koch, descobre seu agente causador, o bacilo de Koch. A forma mais comum da doença é a tuberculose pulmonar, e também uma das mais preocupantes, por ser transmissível, porém, outros órgãos podem ser atingidos pela doença (FUNDO GLOBAL, 2009). Objetivo Avaliar o processo de descentralização do Controle da Tuberculose na Atenção Básica na Área Programática da 3.3 e as ações executadas na área. Justificativa A área programática da 3.3 possui a maior população do município do Rio de Janeiro, cerca de 1 milhão de habitantes, também é uma área que possui vários fatores que propiciam a prevalência da doença, tais como: renda familiar baixa, habitação precária, famílias numerosas, desemprego, desnutrição, alcoolismo, drogas, moradores em situação de rua, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, devido a grupos rivais. Devido a estes e outros fatores, existe a necessidade de ampliação do diagnóstico, tratamento e acompanhamentos em todas as unidades básicas da área, ou melhor, na Estratégia Saúde da Família, assim como a detecção precoce da doença através da busca ativa de sintomáticos respiratórios. Metodologia Estudo exploratório, descritivo, de cunho observatório, realizado no período de maio a dezembro de 2011, através informações do banco de dados da SMSDC RJ ( Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro) e de acompanhamentos nas unidades. O trabalho consistiu em coletar dados das unidades de saúde no período de maio à dezembro 2011, e avaliar todo o processo de descentralização dos serviços na atenção básica, assim como as ações propostas. Os resultados foram analisados para traçar e atender os objetivos propostos. Resultados A Área Programática da 3.3 possuía um dos piores indicadores para cura de casos novos e abandono. Em 2010 tivemos 632 casos de tuberculose e 246 contatos examinados, distribuídos da seguinte forma: CMS Edma Valadão 7, CMS Alberto Borgerth 203, CMS Augusto do Amaral Peixoto 272, CMS Clementino Fraga 128, CMS Sylvio Frederico Brauner 19, CMS Portus Quitanda 3 (U.S.NOTIF., RESID.MRJ, 2010). Em 2011 tivemos 811 casos de tuberculose e 555 contatos examinados, distribuídos deste modo: CMS Edma Valadão 35, CMS Alberto Borgerth 211, CF Souza Marques 2, CMS Augusto do Amaral Peixoto 298, CMS Clementino Fraga 155, CMS Sylvio Frederico Brauner 19, CMS Portus Quitanda 7, CMS Morro União 6, CMS Flávio Couto 14, CF Maria Azevedo 8, CF Epitácio Reis 7, PSF Carmela Dutra 2, CF Ana Maria Correia 1, CF Marcos Valadão 24, CMS Carlos Cruz Lima 18, CMS Fazenda Botafogo 4, CMS Nascimento Gurgel não forneceu dados, CF Josuete Sant Anna nenhum caso. O Programa de Controle da Tuberculose foi implantado em 18 unidades. Ações como busca ativa dos sintomáticos respiratórios deram grandes resultados para esta região principalmente no mês de agosto onde o CMS Edma Valadão conseguiu coletar 85 amostras de escarro. No período de 2011 promoveram na área 2 grandes ações, o Dia Estadual de Luta Contra a Tuberculose ( agosto), A Semana de Luta contra a Tuberculose na CAP 3.3 ( primeira semana de dezembro). No dia 28 de dezembro de 2011, foi realizado o treinamento do GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial) do Ministério da Saúde, pela Gerência de Pneumologia Sanitária da SMSDC RJ o que facilitou o acesso aos resultados dos exames de baciloscopia dos pacientes. Também foi realizado o treinamento sobre o novo sistema diagnóstico para tuberculose, através Xpert MTB/RIF, que será implantado pelo Ministério da Saúde em nosso Laboratório do CMS Augusto do Amaral Peixoto, que muito trará de benefício para o diagnóstico e tratamento da doença. Com o encerramento dos casos de 2010, em setembro de 2011, a área apresentou a melhor taxa de cura entre as 10 Área Programáticas do município do Rio de Janeiro, com um indicador de 70,3% de cura dos casos novos. Também foi a área que apresentou o maior número de unidades indicadas para Certificação de Qualidade do Cuidado na Atenção Básica. Conclusão A ampliação do acesso ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento através da Estratégia Saúde da Família mostrou resultados positivos, como: maior compreensão e preocupação dos profissionais no controle da tuberculose, quebra de estigmas e preconceitos relacionados a doença, maior envolvimento da comunidade. A AP 3.3 apresentou o seu melhor indicador dos últimos 5 anos. Devido ao processo de descentralização das unidades, do comprometimento dos profissionais, do envolvimento dos Agentes Comunitários de Saúde, que são peças chave para o Programa, uma vez que sem eles a busca ativa de sintomáticos respiratório torna-se comprometida, a área apresentou muitos resultados positivos. Devido a esse trabalho a AP 3.3 teve 6 unidades ( CMS Edma Valadão, CMS Morro União, CMS Alberto Borgerth, CMS Augusto do Amaral Peixoto, CMS Clementino Fraga, CMS Sylvio Frederico Brauner) indicadas como as melhores no Tratamento da Tuberculose no município do Rio de Janeiro, tendo obtido o 1º lugar no ranking o CMS Edma Valadão. Embora tenha ocorrido esta melhora significativa na área, alguns fatores ainda precisam ser trabalhados, tais como: rede de apoio para dependentes de álcool, de crack e uma assistência nutricional aos pacientes em tratamento da tuberculose. A Tuberculose pode ser controlada e vencida, cabe a sociedade unir-se nesta luta. Referencial Bibliográfico: BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de vigilância em saúde. Departamento de vigilância epidemiológica. Programa nacional de controle da tuberculose. Nota técnica sobre as mudanças no tratamento da tuberculose no Brasil para adultos e adolescentes. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Vigilância Epidemiologia. Programa nacional de controle de tuberculose. Disponível em: <http: //portal.saude.gov.br/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=21446>. Acesso em: 22 de agosto 2010 às 15: 30: 02 h. BRASIL. Ministério de Saúde. Secretária de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilancia Epidemiológica. 6 ed. Brasília: Ministério de Saúde, 2005. 816 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância epidemiológica. Guia de Vigilância epidemiológica. 6.ed.- Brasilia: Ministério da Saúde, 2007. 816p. (Séria ª Normas e Manuais Tecnicas). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Tuberculose. In-___________. Guia de vigilância epidemiológica. 6.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. BRASIL. Ministério de Saúde. tuberculose informação geral. Disponivel em: <http: //portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfmidtxt=31081> Acesso em: 02 mar. 2010. BRASIL. 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Secretaria Municipal de Saúde. (U.S.NOTIF., RESID.MRJ, 2010). Banco de dados, dez, 2011. [1] Darleia Ramos Da Rin - Graduada em Enfermagem pela UNIGRANRIO. Enfermeira do DAPS da SMSDC RJ. E-mail: darleia_enfermagem@yahoo.com.br 2 Andrea Silveira Manso - Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal Fluminense. Enfermeira do DAPS da SMSDC RJ. E-mail: asilveiramanso@gmail.com 3 Danielle Elias Pinheiro - Graduada em Enfermagem pela UNIGRANRIO. Enfermeira do DAPS da SMSDC RJ. E-mail: danielleelias@ig.com.br