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Rede de Atenção à Saúde Auditiva: qualificando o cuidado integral na Atenção Primária
Resumo
Caracterização do problema: A atenção à Saúde Auditiva no Brasil tem sido foco de diversas políticas públicas nos últimos anos, resultando tanto em ampliação do número de procedimentos diagnósticos e terapêuticos no SUS, como também na organização e planejamento de redes que integrem atenção primária, secundária e terciária. Observa-se, entretanto, um maior investimento em ações e serviços de alta complexidade, o que pode ser compreendido, dentre diversos fatores, pelo apelo financeiro representado pelos exames complementares e distribuição de próteses auditivas. Poucas são as práticas de saúde desenvolvidas na atenção primária voltadas para a Saúde Auditiva, o que limita e reduz a perspectiva da integralidade do cuidado, com evidente negligência das ações de prevenção e promoção da saúde. Este trabalho busca discutir a inserção da temática Saúde Auditiva no cotidiano de equipes de Saúde da Família, a partir de uma experiência de Apoio Matricial coordenada pelo fonoaudiólogo integrante da equipe do NASF. Descrição da experiência: A partir da identificação no nível central de duas crianças gêmeas da regional do Paranoá/Itapoã que apresentaram resultado sugestivo de perda auditiva após realização do teste da orelhinha, a coordenação central de Fonoaudiologia contactou o fonoaudiólogo do NASF, e assim foi realizada busca ativa para identificação da equipe a qual as famílias destas crianças eram vinculadas, no intuito de informar profissionais e traçar estratégias para o acompanhamento das crianças. Em equipe, definiu-se pela realização de consulta compartilhada durante o acompanhamento periódico do Crescimento e Desenvolvimento, envolvendo família, enfermeira, fonoaudiólogo e agente comunitário. Após consulta, verificou-se que o desenvolvimento das crianças apresentava-se equivalente ao esperado para a idade, e a mãe foi orientada a continuar o acompanhamento, não sendo necessário realizar novos exames. As crianças passaram a ser acompanhadas periodicamente pelo agente comunitário. Efeitos alcançados: A equipe sistematizou a solicitação dos testes da orelhinha para todas as crianças de 0 a 3 meses e organizou acompanhamentos específicos na perspectiva da clínica ampliada para crianças de risco para perda auditiva, fortalecendo a coordenação do cuidado. A temática passou a ser também abordada em ações de Educação em Saúde. Recomendações: sugere-se que as equipes busquem conhecer dados de prevalência de perdas auditivas em suas populações.