Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Saúde Mental e Vivências do Pró-Saúde e PET-Saúde na Estratégia de Saúde da Família
Rosemarie Gartner Tschiedel, Mariana Valls Atz, Carla Oliveira de Mello

Resumo


Apresentamos a prática da Psicologia desenvolvida em Unidades de Saúde com Estratégia de Saúde da Família - ESF no Distrito docente-assistencial Glória, Cruzeiro, Cristal, localizado em Porto Alegre-Brasil, a partir do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) e Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No desenvolvimento das atividades do PET-Saúde Psicologia nas ESF temos utilizado como metodologia o Matriciamento (Campos, 2007, Bezerra e Dimenstein, 2008) que visa proporcionar uma retaguarda especializada à equipe de referência encarregada da atenção à saúde. Ao longo da vivência junto às unidades de atenção primária em saúde, que envolveu preceptores, estudantes monitores e tutora constatou-se uma demanda significativa em relação à aspectos que envolvem o sofrimento psíquico. Além disso, verificou-se a necessidade de implementar ações direcionadas à saúde mental, tanto de promoção e prevenção, como de assistência. Objetiva-se ampliar a possibilidade de realizar-se a clínica ampliada ao propor um espaço para o compartilhamento de conhecimento entre os profissionais de diferentes áreas de conhecimento. As atividades do Pró-Saúde/Pet-Saúde nas Unidades ESF abarcam intervenções junto à equipe e aos usuários do serviço de saúde. Estas vivências mostraram que, muitas vezes, a expectativa das equipes em relação ao trabalho em saúde mental na atenção primária ainda é de atendimento psicoterápico ao usuário. Encontra-se também a necessidade em discutir os casos na equipe, conjuntamente, o que denota a presença de uma lógica do especialismo ainda muito presente, mesmo na atenção primária à saúde. Procuramos acolher as demandas da equipe, contudo buscamos trabalhá-las no sentido da problematização (Foucault, 2010) tendo a equipe como referência e responsabilidade pela condução dos casos. Afirmamos a importância de políticas públicas para a implantação do trabalho em saúde mental na atenção primária através da construção da clínica ampliada e da constituição de espaços de escuta e de acolhimento. Neste sentido, destaca-se a concepção de saúde para além da ausência de doença, desencadeando ações de prevenção e promoção em saúde.