Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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A Educação Popular na formação profissional de ACS: A experiência da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
Marcia Raposo Lopes, Vera Joana Bornstein, Cristina Massadar Morel, Ingrid D`Avilla Pereira, Carla Macedo Martins

Resumo


Embora a importância da educação em saúde para prevenção de doenças e promoção da saúde seja um consenso em todo o mundo, é importante reconhecer que nem sempre seu uso conduz a uma ruptura com a lógica biologicista e autoritária típicas do trabalho médico tradicional. A maneira de conduzir o trabalho educativo pode, muitas vezes, reforçar o modelo biomédico assistencialista. A maior parte dos profissionais de saúde responsabiliza os indivíduos por sua condição de saúde direcionando o trabalho educativo para a transformação de hábitos e padrões comportamentais, sem levar em conta os conhecimentos e o cotidiano dos sujeitos envolvidos. Em contraposição, a Educação Popular parte do princípio de que o educando possui um saber prévio, adquirido em sua história de vida, sua prática social e cultural, entendendo a educação como um processo de busca que inclui a ação e a reflexão do homem sobre o mundo. Investir na transformação do modelo de atenção à saúde no Brasil não pode se resumir a expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF). É necessário incluir a formação dos trabalhadores da ESF, em especial, dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) pela relevância social de seu trabalho na promoção da saúde e mobilização popular. Este resumo se propõe a apresentar a experiência na construção e desenvolvimento do eixo Educação em Saúde na formação técnica de ACS da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). A perspectiva teórico-metodológica utilizada foi a da Educação Popular. O eixo teve como objetivo levar os alunos a problematizar as práticas de educação em saúde realizadas pelas suas equipes. Discutiram-se: forma de condução do trabalho, material educativo utilizado e temas abordados nas atividades educativas em sala de espera, grupos e visitas domiciliares, além de outras possibilidades de atuação. O grande desafio foi exercer uma postura de escuta, respeito e reconhecimento dos saberes trazidos pelos alunos sem deixar de problematizar a forma e o desenvolvimento de suas atividades educativas. Várias estratégias foram utilizadas, desde aulas expositivas até dramatizações e planejamento de atividades a serem desenvolvidas nas comunidades. Os debates propiciaram análises sobre os efeitos das práticas educativas dos ACS favorecendo a construção de uma visão crítica sobre estas e a compreensão da proposta da Educação Popular.