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As Inflexões da Organização Mundial da Saúde sobre a Formação de Trabalhadores de Saúde
Resumo
Este trabalho objetivou analisar as políticas de formação de trabalhadores de saúde propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e é parte integrante da Pesquisa "Inflexões dos Organismos Internacionais sobre a Formação de Trabalhadores: Um estudo de caso sobre a OMS" realizada em parceria com a UERJ e financiada pelo CNPq. Partindo de uma perspectiva crítica e construcionista dos processos políticos e institucionais empreendidos pela OMS, foi realizada uma análise retórica e discursiva dos documentos e relatórios da agência da ONU no período entre 2003 e 2008, identificando os sentidos das relações entre educação, trabalho e saúde, bem como as estratégias de globalização da força de trabalho em saúde (FTS) no cenário internacional. Induzida por uma concepção hegemônica do atual campo da saúde global, a estratégia da OMS reside na associação entre os países desenvolvidos e organismos internacionais com objetivo de influírem na gestão e na educação da FTS, tendo como base a noção de capital humano, a divisão social e técnica do trabalho e o treinamento como forma privilegiada de aumento da FTS em todo o mundo. Dispositivos de mensuração e avaliação dos sistemas nacionais de saúde e da FTS são utilizados como estratégia persuasão e de governamentalidade para influir nas políticas nacionais de Educação e de Trabalho na Saúde. A expansão dos Observatórios de Recursos Humanos em Saúde em diversos países em desenvolvimento é um exemplo do eforço da OMS na produção de evidênicas para essas políticas com base em dados fornecidos nos sistemas nacionais de saúde. As políticas empreendidas pela OMS não estabelecem interlocuções e cooperações que concebam o trabalho e a saúde numa perspectiva emancipatória e ampliada. A pesquisa aponta para a necessidade de inclusão de novos atores nacionais e internacionais para a construção de políticas e estratégias de fortalecimento e valorização da FTS em todo o mundo, pautados por uma construção coletiva e participativa entre os países, reconhecendo suas culturas e suas necessidadades de forma dialogada e emancipatória.