Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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As Inflexões da Organização Mundial da Saúde sobre a Formação de Trabalhadores de Saúde
Arlinda Moreno, Gustavo Correa Matta, Ruben Mattos, Camila Borges, Cátia Oliveira, Carlos Maurício Barreto, Mariana Nogueira, Jessica Salgado, Helena David

Resumo


Este trabalho objetivou analisar as políticas de formação de trabalhadores de saúde propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e é parte integrante da Pesquisa "Inflexões dos Organismos Internacionais sobre a Formação de Trabalhadores: Um estudo de caso sobre a OMS" realizada em parceria com a UERJ e financiada pelo CNPq. Partindo de uma perspectiva crítica e construcionista dos processos políticos e institucionais empreendidos pela OMS, foi realizada uma análise retórica e discursiva dos documentos e relatórios da agência da ONU no período entre 2003 e 2008, identificando os sentidos das relações entre educação, trabalho e saúde, bem como as estratégias de globalização da força de trabalho em saúde (FTS) no cenário internacional. Induzida por uma concepção hegemônica do atual campo da saúde global, a estratégia da OMS reside na associação entre os países desenvolvidos e organismos internacionais com objetivo de influírem na gestão e na educação da FTS, tendo como base a noção de capital humano, a divisão social e técnica do trabalho e o treinamento como forma privilegiada de aumento da FTS em todo o mundo. Dispositivos de mensuração e avaliação dos sistemas nacionais de saúde e da FTS são utilizados como estratégia persuasão e de governamentalidade para influir nas políticas nacionais de Educação e de Trabalho na Saúde. A expansão dos Observatórios de Recursos Humanos em Saúde em diversos países em desenvolvimento é um exemplo do eforço da OMS na produção de evidênicas para essas políticas com base em dados fornecidos nos sistemas nacionais de saúde. As políticas empreendidas pela OMS não estabelecem interlocuções e cooperações que concebam o trabalho e a saúde numa perspectiva emancipatória e ampliada. A pesquisa aponta para a necessidade de inclusão de novos atores nacionais e internacionais para a construção de políticas e estratégias de fortalecimento e valorização da FTS em todo o mundo, pautados por uma construção coletiva e participativa entre os países, reconhecendo suas culturas e suas necessidadades de forma dialogada e emancipatória.