Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Análise do Perfil e de Aspectos do Processo de Trabalho do Supervisor do Programa de Educação Permanente para Médicos de Família da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, no período de 2008 a 2012
Lucília Nunes de Assis, Luciana Souza D'Ávila, Marilene Barros de Melo

Resumo


A Educação Permanente em Saúde perpassa pela análise crítica dos problemas de saúde, a partir de uma reflexão teórica voltada para a ação. Nesse contexto, o Programa de Educação Permanente (PEP) para médicos de Saúde da Família de MG visa a qualificação de Recursos Humanos (RH) para a organização e resolutividade da rede de Atenção Primária à Saúde (APS), tendo como orientador do processo ensino-aprendizagem, o supervisor/facilitador. Assim, este estudo objetiva caracterizar o perfil desses atores e descrever aspectos do seu processo de trabalho, por meio de questionários on-line aplicados ao universo de 215 supervisores/facilitadores. A análise de 131 questionários aponta que 53% dos supervisores são do sexo masculino e a maioria (64%) está na faixa etária de 31 a 44 anos. Observa-se que a participação no PEP pelos supervisores se deu por convite (53%), seleção pública (32%), indicação (22%) e outros (3%), sendo que 93% avaliaram como pertinente a qualificação recebida para a função. Um número expressivo de supervisores atua em instituições de ensino de nível superior (48%) e/ou na rede pública municipal de saúde (43%), apresentando especialização na área da Medicina de Família ou APS (67%) e/ou residência médica (49%), sendo que 36% e 14%, respectivamente, têm mestrado e/ou doutorado. A maioria refere como principal tópico de discussão nos grupos a abordagem clínica dos problemas de saúde na APS (98%), sem abordagem epidemiológica dos mesmos (47%). A discussão do tópico 'organização dos serviços' é referida por 50% e, 35%, afirma discutir sobre 'referência e contra-referência'. As principais dificuldades no processo de trabalho dos supervisores são acesso a material de referencial teórico (44%), espaço físico utilizado (44%); frequência (57%) e envolvimento dos médicos (50%). Quanto à percepção das dificuldades inerentes ao cotidiano de trabalhos dos médicos, constam múltiplas jornadas de trabalho (58%), remuneração insatisfatória (66%), dificuldade de encaminhamento aos serviços de referência (62%) e problemas na organização das ações e serviços nas Unidades de Saúde (62%), sendo que apenas 28% relatam dificuldades quanto ao manejo clínico. Os resultados parciais apontam qualificação e experiência dos supervisores, algumas incongruências quanto aos tópicos desenvolvidos nas discussões do PEP e dificuldades no cotidiano de trabalho dos médicos, bem como problemas relativos à política de RH em saúde.