Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
As implicações éticas da demanda frente à Política Nacional de Humanização
Marielli Costa de Souza, José Roque Junges, Carlise Rigon Dalla Nora, Rafaela Schaefer, Mikaela Basso, Cassiane Silocchi, Fabiane Asquidamini, Juliana Betat, Bruna de Mélo, Janaina dos Reis Tedesco, Noéli D. Raymundo Herbert

Resumo


INTRODUÇÃO: A satisfação e resolubilidade das necessidades dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) compreendem o principal objetivo da Política Nacional de Humanização (PNH). Como um dos fatores que influenciam diretamente no alcance desse objetivo temos a demanda, que consiste na procura dos serviços de saúde por um indivíduo, em busca de solução para uma necessidade sentida (Pinheiro 2001). OBJETIVO: Compreender o discurso dos profissionais de uma Unidade Básica sobre a demanda e suas implicações para a humanização do atendimento. MÉTODO: O estudo é um recorte da pesquisa “O discurso dos profissionais de uma UBS em São Leopoldo (RS) sobre a humanização dos serviços”, realizada em 2006, aprovada pelo CEP da Unisinos com a resolução 029/2006. Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa. O universo empírico da pesquisa foi composto por 10 trabalhadores de uma Unidade Básica de Saúde: 1 gestora, 1 médica, 1 dentista, 2 enfermeiros, 3 técnicos em enfermagem, 1 atendente da portaria e 1 encarregado do almoxarifado. A coleta de dados aconteceu em 8 reuniões de discussão focal sobre temas como política de humanização, direito à saúde, integralidade, acolhimento, subjetividade em saúde e processos de trabalho. As discussões foram gravadas, transcritas e os dados trabalhados posteriormente pela análise do discurso. RESULTADOS: Como resultados, apareceram três repertórios linguísticos relacionados à demanda: compreensão das necessidades em saúde; entendimento do acolhimento como triagem e aplicação de protocolos de atendimento; influência do modelo biomédico na organização dos serviços. A excessiva demanda e a falta de resolubilidade estão relacionadas à uma visão das necessidades como puro acesso à tecnologia e do acolhimento entendido apenas como triagem de sinais e sintomas clínicos. Outro fator da excessiva demanda é o imaginário social criado pelo modelo biomédico que leva os usuários a exigirem o atendimento do médico e a prescrição de uma receita, não aceitando a consulta da enfermagem. CONCLUSÃO: A mistura entre atenção básica e atendimento ambulatorial e especializado na Unidade estudada inviabiliza a organização da demanda, produzindo estresse nos profissionais, insatisfação nos usuários e impossibilitando a humanização do serviço.