Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Caracterização das demandas de saúde mental através das interconsultas
Lidiane Tavares Mielczarski, Caroline Silveira Pereira, Neuza Raupp, Luciana Redivo Drehmer

Resumo


As ações e serviços de saúde carecem de uma visão global sobre o paciente, que se extenda para além da clínica. Diante desta realidade, as interconsultas são dispositivos essenciais para que se possa fazer um diagnóstico além da doença, buscando práticas terapêuticas mais efetivas, através de um trabalho interdisciplinar. Utilizando-se desta ferramenta, objetivamos caracterizar as demandas dos distritos sanitários leste/nordeste de Porto Alegre em relação a problemas relacionados ao uso de crack, álcool e outras drogas e aos transtornos mentais de maior prevalência considerando grupos de faixas etárias. O levantamento dos dados referentes às interconsultas de 2010 foi feito através das fichas elaboradas e utilizadas pela equipe de saúde mental do referido distrito que traçam um perfil psicossocial do usuário. Estes dados foram inseridos no banco de dados SPSS que possibilitou a análise das informações e a partir disso, foi realizado o levantamento das principais demandas surgidas nas interconsultas do ano de 2010. 0s resultados preliminares mostram que, em relação à profissão, 26,8% dos usuários estão ativos e 22,6% inativos. A fonte de encaminhamento predominante foi a ESF, com 63,4% de encaminhamentos. O motivo da solicitação da consulta mais prevalente foi demanda de atendimento, com 66,5% dos casos. Em relação ao diagnóstico sindrômico, 36,6% dos casos apresentaram mais de um diagnóstico e 26,2% depressão. No campo referente às internações psiquiátricas, 20,7% não foram internados e 56,1% passaram por alguma internação. O tratamento indicado mais prevalente foi o farmacológico, com 76,2% dos casos. A conduta sugerida indicada em 77,4% foi a referência para a equipe de saúde mental, e em 15,2% a permanência na atenção básica. A faixa etária de maior prevalência foi de 31 a 50 anos. A partir da análise dos resultados preliminares, observamos que o uso de crack, álcool e outras drogas, não surge como diagnóstico prevalente nas interconsultas. Essa demanda é pouco identificada, e quando presente, associada a outros diagnósticos. Até o presente momento, evidencia-se uma quantidade insuficiente de dados preenchidos nas fichas levantadas o que pode ser um fator de dificuldade para um adequado encaminhamento do usuário. Alem disso, pensa-se que a demanda por problemas relacionados ao uso de crack, álcool e outras drogas é bastante presente, entretanto, nas interconsultas, não foram foco dos profissionais responsáveis por apresentação dos casos.