Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Experiência de capacitação de saúde mental aos Agentes Comunitários de Saúde para o acolhimento de pessoas afetadas pela violência
Ana Felisberto Silveira, Marcello Queirós, Herve Le Guillouzic

Resumo


A proposta deste relato é apresentar a experiência de capacitação de Agentes Comunitários de Saúde(ACS) na abordagem e cuidado às pessoas afetadas pela violência armada em comunidades do Rio de Janeiro. As capacitações foram elaboradas e conduzidas pela Coordenação de Saúde Mental da SMSDC-RJ, Coordenação de Saúde da Família da SMSDC-RJ e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Os participantes das capacitações foram ACS que atuam em unidades da Estratégia de Saúde da Família(ESF) em comunidades afetadas pela dinâmica da violência armada. No que se refere à caracterização do contexto de violência armada, destacam-se os conflitos armados entre as forças policiais e grupos armados, a exposição da população às leis locais "extra-oficiais" e as barreiras de acesso aos serviços públicos básicos. As capacitações foram desenvolvidas no formato de Oficinas, como parte da estratégia de capacitação dos profissionais da ESF no suporte de saúde mental às pessoas afetadas pela violência. Os objetivos das Oficinas foram: (1) identificar ações que os ACS já desenvolviam relacionadas às situações de violência; (2) identificar dificuldades encontradas pelos ACS no manejo das situações de violência; (3) sensibilização dos ACS para identificação e abordagem de pessoas em sofrimento psíquico e (4) capacitação dos ACS para acolhimento e cuidado às pessoas afetadas pela violência armada. Realizamos 3 Oficinas, com participação de 103 ACS. As atividades desenvolvidas nas Oficinas foram avaliadas através de questionários semi-estruturados, que tiveram o objetivo de avaliar a percepção dos participantes sobre o processo de aprendizagem, sobre a capacitação e a sua implicação nas atividades desenvolvidas. Dentre os resultados identificados na avaliação destacaram-se: (1) a percepção dos ACS de que o "contexto de vida" (incluindo a violência) é determinante para a saúde das pessoas, (2) o êxito das Oficinas em produzir empoderamento dos ACS para abordagem dos casos de saúde mental, e (3) a percepção dos ACS de que a limitação de circulação na comunidade gera uma “geografia do medo” e (4) pouca articulação das equipes da ESF com recursos da rede local.