Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Estratégia Saúde da Família, saúde mental e suicídio: uma revisão sistemática dos trabalhos qualitativos publicados entre os anos de 1994-2012
Clarice Moreira Portugal, Isabel Cardoso Salles, Carlos Estellita-Lins, Mariana Bteshe, Verônica Miranda de Oliveira, Maria Fernanda Cruz Coutinho

Resumo


Introdução: Os profissionais da ESF são frequentemente o primeiro recurso de atenção à saúde, como também a porta de entrada aos serviços de saúde mental, de forma que essa rede configurar como um campo de pesquisa em expansão. Objetivos: Fazer uma revisão sistemática dos artigos voltados para a relação entre a ESF e o campo da saúde mental e prevenção do suicídio, com ênfase em pesquisa qualitativa. Metodologia: Realizou-se uma busca na LILACS a partir dos descritores “ESF” e “PSF” combinados aos termos “saúde mental”, “depressão” e “suicídio”. Selecionaram-se as pesquisas qualitativas, classificando-os quanto à temática, metodologia e sujeitos. Resultados: Encontraram-se 51 estudos, com predomínio de publicação nos últimos cinco anos. As temáticas encontradas foram: representações sociais e significações (20); avaliação da prática profissional (14); processos de trabalho/saúde do trabalhador (7); formação (1); análise situacional (1); discussões teóricas (3); perfil nosológico (2); processos de cuidado na comunidade (1); outros (2). As metodologias adotadas foram entrevistas semi e não-estruturadas (22); observação participante (7); pesquisa etnográfica (2); grupos focais (6); pesquisa-ação (2); questionário (3); estudos de caso (2); oficina de trabalho (1); NE (4). Os sujeitos das pesquisas dividiram-se entre profissionais (36); usuários (8); ambos (5); não se aplica (2). Apenas 13 artigos envolviam usuários, havendo pouca reflexibilidade do princípio de participação nos artigos encontrados. Mais de um terço da produção (17) está publicada em periódicos de enfermagem, com significativa preocupação com a prática, identidade profissional, capacitação do enfermeiro e do ACS. Depressão, suicídio e saúde mental são mais como construtos delineados pelos profissionais no seu cotidiano e formação e menos como questões clínicas. Muitos estudos avaliativos da prática contrastam com o baixo número de pesquisas-ação, parecendo haver uma ênfase no aspecto descritivo. Conclusão: A pesquisa qualitativa em torno de saúde mental, depressão e suicídio na ESF, mesmo que em ascendência, muito se restringe à avaliação do cotidiano dos profissionais e do processo de trabalho. A detecção, referenciamento e manejo dos transtornos mentais na atenção primária são passos importantes na prevenção do suicídio e esses fazeres devem ser bem fundamentados, o que demanda a valorização da pesquisa e investigação científica voltada para o cuidado em saúde mental na atenção básica.