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Fatores associados à realização do Papanicolau e entre mulheres de 40 a 69 anos de idade cadastradas na Estratégia de Saúde da Família
Resumo
Introdução: O câncer do colo uterino apresenta-se como um desafio constante para a saúde pública no Brasil. É a segunda neoplasia mais incidente nas mulheres, com variações entre diferentes regiões do país. O diagnóstico precoce pode ser feito em 90% dos casos pelo exame de Papanicolaou que está garantido a todas as mulheres pelo Sistema Único de Saúde. Entretanto, apesar do Brasil, ter sido um dos primeiros países a utilizar a colposcopia associada ao exame citopatológico (Papanicolaou) para a detecção precoce do câncer do colo do útero, ainda tem uma das mais altas taxas de mortalidade por esse tipo de câncer. Objetivo: Este estudo teve como objetivo conhecer a freqüência de realização do Papanicolau e fatores associados a esta realização. Método: Trata-se de um estudo transversal, no qual foram estudadas 393 mulheres cadastradas na ESF na cidade de Dourados. O instrumento de coleta de dados foi constituído de um questionário estruturado aplicado por meio de entrevista na residência das mulheres. Foram investigadas variáveis sócio-demográficas, e a freqüência da realização do Papanicolau. Os dados foram analisados por estatística e para a associação das variáveis utilizou-se o teste do qui-quadrado com significância de 5%. Resultados: A idade média observada foi de 52,4 ± 8,1 anos. A maioria relatou possuir estudo formal (87,3%), sendo que o tempo médio de estudo foi de 4,4 ± 3,6 anos e tendo 48,6% das mulheres de 1 a 4 anos de estudo. 47,3% são brancas, 58,5% são casadas, 73,3% não exercem atividade profissional fora de sua residência, 86% possuem casa própria e 82,2% são SUS dependentes. O Papanicolau já foi realizado por 84,5% das mulheres , sendo que apenas 41% realizaram o exame anualmente conforme preconizado. A realização do Papanicolau não esteve associada às variáveis: anos de estudo (p=0,25), cor da pele (p=0,10) e idade (p=0148). O Papanicolau esteve significativamente associado à situação conjugal, de forma que mulheres com companheiro realizam o exame mais freqüentemente (p=0,008). Conclusão: A maioria das mulheres já realizou o Papanicolau, entretanto menos da metade realizaram o exame na freqüência recomendada. As mulheres solteiras aderem menos à realização do exame, sendo este grupo vulnerável, devendo ser foco de ações educativas e diagnósticas específicas.