Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Impactos da violência urbana na saúde de líderes comunitários cariocas
Katerine da Cruz Leal Sonoda

Resumo


Atualmente, no Rio de Janeiro, a sensação de insegurança faz parte do cotidiano de todo cidadão, configurando-se como um traço cada vez mais marcante na vida contemporânea e podendo ser tratada como um medo generalizado, que, pela gravidade, pode ter consequências negativas tanto para a coletividade - em termos de desenvolvimento sócio-espacial e aumento dos gastos com saúde - quanto individuais (como manifestações de mal-estar psíquico e doenças). O objetivo deste trabalho foi estudar o processo de intimidação e/ou cooptação de líderes favelados do Rio de Janeiro por traficantes/milícias/policiais, observando se e de que modo esse fenômeno tem afetado o desenvolvimento sócio-espacial e a saúde dos próprios líderes. O estudo foi desenvolvido com 30 líderes comunitários residentes na cidade do Rio de Janeiro. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, que foram gravadas e transcritas, sendo posteriormente categorizadas e analisadas. Foi encontrada uma correlação positiva entre violência e mal-estar, visto que líderes que relataram terem sofrido algum tipo de ameaça/violência, em regra, foram os mesmos que relataram maiores problemas de saúde. Encontrou-se ainda predomínio de sintomas psicossomáticos. O mal-estar psíquico está associado, segundo eles mesmos, a algum tipo de violência relacionada com sua atuação político-social (ameaças, problemas com moradores, imposições, estresse do cotidiano, etc.), o que indica também que o processo de desenvolvimento sócio-espacial é limitado nesses espaços por conta da violência urbana.