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O conceito de narrativa, segundo Brockmeier (2003) é dado pelo conjunto de componentes linguísticos e psicológicos transmitidos cultural e historicamente de acordo com o arcabouço de cada individuo e suas habilidades sociocomunicativas. Entretanto sua compreensão extrapola tal definição, uma vez que é componente para o entendimento de textos e contextos mais amplos, distintos e variados das vivencias das pessoas, e de como elas constroem e se percebem nessas vivencias, ou seja, são apresentações de modelos de mundo pelos quais elaboramos a nós mesmos fazendo parte de nosso mundo. Objetivou-se nesse trabalho relatar o uso da narrativa escrita como uma estratégia potente na formação dos profissionais de saúde para o cuidado integral. Em 2011 o grupo de docentes (11) do departamento de Saúde Coletiva da UEL envolvidos em um módulo de práticas interdisciplinares dos cursos de enfermagem e medicina reformulou-o, e entre essas modificações encontra-se a utilização da narrativa como uma estratégia de ensino e aprendizagem visando o desenvolvimento do olhar, da escuta e da sensibilidade para ampliar a percepção dos alunos das necessidades de saúde para além do “biológico”. A narrativa deveria ser escrita pelos alunos, contando a experiência deles nos encontros com famílias em suas casas, da história destas famílias, do bairro, das relações e as afecções produzidas nesses encontros. Estas narrativas foram lidas para as famílias ao final do módulo. Observou-se que os alunos nas narrativas escritas analisaram com maior profundidade a vida das pessoas, fizeram descobertas acerca do êxodo rural ocorrido no município, fizeram relações das histórias de suas próprias vidas com as histórias de vida contada pelas famílias, e, relataram a importância deste tipo de contato para a formação do profissional de saúde. Percebeu-se nas narrativas que em vários dos encontros, os papeis se misturavam e eles entendiam que ambos, estudantes e usuários estavam no papel de aprendizes e professores. Acredita-se que esta experiência possa contribuir no desenvolvimento de atitude e habilidades que compõem as tecnologias das relações.