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Micropolítica do cuidado em hanseníase: Olhares e sutilezas do agente comunitário de saúde.
Resumo
As ações de educação em saúde são ferramentas indispensáveis para o efetivo controle da hanseníase. O ACS é fundamental nesse processo. Este estudo faz parte de uma dissertação de mestrado que a partir da teoria das representações sociais buscou analisar as orientações dadas pelos ACS às pessoas acometidas pela hanseníase e seus familiares. Estudo qualitativo, cenário de observação são municípios dos estados de Maranhão, Pará, Tocantins e Piauí. Informações coletadas por meio de quatro grupos focais, no período de novembro de 2009 a julho 2010. Participaram 96 ACS que atuam na estratégia saúde da família de áreas urbana. Para analisar os dados empíricos utilizamos a análise de conteúdo, onde emergiram duas categorias: As ações de educação em saúde e os serviços de saúde na visão do ACS. Nos discursos dos ACS, identificamos como prática educativa a metáfora ‘batendo na mesma tecla’ para fazer alusão ao modo repetitivo nas orientações repassadas, destacando: orientações sobre o tratamento, sobre autocuidado e sobre a doença. Evidenciamos vigilância acirrada quanto ao tratamento nos remetendo a ideia de “vigiar e punir” proposta por Foucault (1987), onde ao sujeito doente cabe apenas seguir as orientações prescritas pelos profissionais e institucionalizadas nos serviços de saúde. Identificamos também que os ACS se consideram como o ‘elo’ entre a comunidade e os serviços de saúde, mas que na maioria das vezes este ele é rompido pelo processo burocrático dos serviços de saúde. apontamos descompasso na organização da demanda quando os ACS encaminham os casos suspeitos de hanseníase ou seus familiares para a unidade de saúde. Acreditamos na potencia e no diferencial do trabalho da/do ACS para o efetivo controle da hanseníase, e mais conhecer, analisar e compreender suas representações sociais constitui-se em uma peça fundamental para nortear a educação permanente.