Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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O cuidado na Estratégia de Saúde da Família: reflexões acerca dos seus limites
Luara Fernandes França Lima, Marianna da Rocha Cruz, Laila de Oliveira Louzada, Flavia Vargas Soares, José Wellington Araújo

Resumo


A Estratégia de Saúde da Família (ESF) visa operar a transformação do modelo de atenção, inaugurando uma nova lógica de organização da rede de saúde e de realização do cuidado, com equipes multiprofissionais, ações centradas no território adscrito, por meio da atenção planejada de acordo com as necessidades e características da comunidade, com busca ativa dos usuários e atividades intersetoriais. Busca-se ampliar o acesso da população aos serviços de saúde e a integração com a comunidade. A saúde deve ser pensada de forma ampla, considerando as condições de moradia, trabalho, lazer e as relações que se desenvolvem no território, promovendo uma ampliação da clínica e a mudança de olhar do profissional no contato com o usuário. No entanto, a consolidação de uma nova forma de realizar as ações em saúde será mais consistente quanto mais a construção desta política estiver conectada ao que acontece no cotidiano das práticas, valorizando o espaço de realização do cuidado. A partir do trabalho com equipes de Saúde da Família, identificamos que no cotidiano de trabalho estas lidam com situações de diferentes graus de complexidade. Naquelas de difícil abordagem, os “casos complicados”, os profissionais frequentemente se sentem impotentes e vêem limites para sua atuação. Diante disso, vimos a necessidade de compreender o que está em jogo nas relações de cuidado estabelecidas nas práticas de saúde entre usuário, sua família e a equipe de saúde. E com este estudo avançar nas discussões acerca dos diversos fatores limitantes que atravessam o trabalho na Saúde da Família e a realização do cuidado integral a que se propõe. Primeiramente, abordaremos os aspectos políticos e ideológicos referentes à mudança do modelo assistencial em saúde a partir da contextualização histórica desta transformação alavancada pelo avanço da ESF. Discutiremos a formação profissional em saúde e suas implicações nos modos de se produzir o cuidado, e os fatores estruturais e organizacionais que caracterizam a ESF no município do Rio de Janeiro. Entrevistas foram realizadas com os profissionais da unidade de Saúde da Família Santa Marta, trazendo uma nova questão. As condições socioeconômicas foram apontadas como um importante limite para o trabalho, enfatizando a necessidade de efetividade na atuação intersetorial. Outro aspecto interessante apontado pelas entrevistas é que os profissionais percebem-se como protagonistas do processo de construção desta nova forma de pensar e produzir saúde.