Rede Unida, 10º Congresso Internacional da Rede Unida


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Relato de experiência: O cuidado em situações-limite - o caso dos Médicos Sem Fronteiras
Luciana Bicalho Cavanellas, Luciana Bicalho Cavanellas

Resumo


Trata-se de pesquisa em andamento, vinculada ao doutorado em Saúde Pública na ENSP, sobre a atividade dos trabalhadores de saúde/cuidadores em situações de guerras, epidemias, catástrofes, etc, consideradas aqui como situações-limite. Da escolha pela medicina, ou trabalho, conhecido como humanitário, aos desafios enfrentados nas missões, este projeto visa compreender a atividade de trabalho de profissionais que escolhem partilhar e cuidar do sofrimento de pessoas em condições de dificuldade extrema, como fome, violência e ausência total de informações e recursos. “O que os move”, “como suportam a convivência e o enfrentamento de tais situações”, “como o sofrimento e o sentido do trabalho se articulam nesses contextos”, “de que suportes institucionais dispõem para exercer suas funções”, “o que os diferencia e aproxima de um serviço de urgência num hospital comum” são perguntas que fundamentam e direcionam esta pesquisa. Em função disto e pela oportunidade de estar realizando um doutorado-sanduíche na Universidade do Porto (projeto CAPES-FCT) na área de Psicologia do Trabalho, tive oportunidade de conhecer o escritório de Médicos Sem Fronteiras – MSF – em Bruxelas e conversar com diferentes profissionais/cuidadores, checando notícias e material veiculado frequentemente na mídia (www.msf.org), trabalho este ainda em andamento aqui na Europa, considerando a proximidade com principais escritórios-sede da ONG. Paralelamente, a observação de um serviço de urgência numa pequena cidade de Portugal, Viana do Castelo, tem sido fértil para traçar preâmbulos de comparações entre as diferentes experiências, respeitando os diferentes contextos de cuidados em saúde. Os vieses teóricos baseiam-se principalmente na Ergologia de Yves Schwartz e na Psicodinâmica de Christophe Dejours, considerando o trabalho como atividade complexa, dinâmica, corporal e subjetiva, respeitando as especificidades e mantendo um olhar para a saúde do trabalhador da saúde.