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O estudo a seguir visa trazer a tona um problema há muito tempo negligenciado pela sociedade como um todo: a reabilitação das pessoas acometidas pela hanseníase. Considerando que o Brasil hoje tem a maior prevalência de hanseníase do mundo e considerando que o processo de reabilitação da pessoa acometida pela hanseníase não tem sido amplamente explorado pela comunidade acadêmica, essa proposta objetiva entender como é compreendida e abordada a questão no Centro de Referência Estadual em Hanseníase no Estado do Rio de Janeiro, discutindo a importância da contribuição do profissional de Terapia Ocupacional na abordagem multiprofissional às pessoas acometidas pela hanseníase. De acordo com Lobo, Barreto, Alves e col. (2011), a Organização Mundial de Saúde (OMS) define a hanseníase como um problema de saúde pública, sendo que casos da doença se concentram em sete países: Brasil, Índia, Madagascar, Moçambique, Mianmar, Nepal e a República Unida da Tanzânia. Esses autores referem dados do boletim epidemiológico da OMS de 27 de agosto de 2010, o qual cita que o número de casos notificados, em 2009, pela Índia foram 133.717, e, pelo Brasil, 37.610 casos. Esses dados nos mostram que o Brasil é o segundo lugar em número absoluto de casos, porém ao comparar a população dos dois países, o Brasil assume o primeiro lugar em termos de coeficiente de prevalência. O objetivo geral do trabalho visa avaliar a atenção prestada às pessoas acometidas pela hanseníase, com foco na reabilitação no Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária – IEDS, na cidade do Rio de Janeiro. Além disso o estudo, pretende Avaliar a percepção e compreensão dos profissionais de saúde que compõe a equipe multiprofissional do IEDS sobre o significado da reabilitação em hanseníase e das ações que compõe esse processo; Descrever as ações de reabilitação realizadas no atendimento às pessoas acometidas pela hanseníase nesse centro de referência; Compreender o significado da reabilitação para as pessoas que foram acometidas pela doença, assim como da noção de cura em face da permanência de sequelas, Apontar lacunas e propor adequações no processo de reabilitação e na contribuição da terapia ocupacional nesse processo, no centro de referência estudado, tendo como contraponto o Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru, referência mundial em estudos e tratamento da hanseníase. Para isso foi realizada uma observação de cunho etnográfica que foi importante pois permitiu conhecer as atividades voltadas para a reabilitação no atendimento aos portadores de hanseníase e suas sequelas, nesse Instituto. Foram realizadas 18 entrevistas, sendo que dez eram com os usuários do serviço e 8 com profissionais atuantes com pessoas acometidas pela hanseníase.Na Análise dos dados foram descritas as ações de reabilitação realizadas no atendimento dessas pessoas, observando as relações que se forjam entre profissionais de saúde e pacientes durante o processo de assistência. Além disso, foram evidenciadas algumas lacunas no processo de atendimento. Um outro ponto a ser investigado é o significado da hanseníase, em especial as questões da cura e seqüelas, para as pessoas que são acometidas pela doença. O funcionamento do ambulatório em questão é de segunda- feira à quinta-feira somente pela manhã e os profissionais alternam os seus dias, sendo que sempre está presente um profissional de cada especialidade. A única profissional que não está todos os dias é a Assistente Social já que o serviço dispõe apenas de uma profissional e é realizado duas vezes por semana. Algumas perguntas, foram realizadas no intuito de observar se as queixas dos usuários já haviam sido resolvidas. Serão discutidas questões relacionadas com a percepção dos pacientes e dos profissionais em relação ao atendimento do Instituto, assim como a percepção acerca da possibilidade de o atendimento ser fragmentado devido a estrutura física do hospital e também o fluxo de atendimento por diferentes profissionais e integração dos mesmos. É importante salientar que as entrevistas foram realizadas dentro do ambulatório de dermatologia, e isso pode em algum momento ter influenciado nas respostas dos usuários e profissionais. Ao serem indagados sobre a resolutividade do atendimento no instituto, foi possível observar que os usuários percebem o serviço como sendo de qualidade, e que se preocupa com as questões físicas e emocionais relativas à doença. Outro ponto, é relacionado à satisfação pelo atendimento, associada a quantidade de profissionais que estão disponíveis para atendimento relacionado à hanseníase. Alguns usuários em suas falas destacaram o atendimento como de qualidade devido às várias profissões e procedimentos disponíveis para atendimento. Os dados ainda estão sendo analisados e discutidos. Porém, diante das falas encontradas, é possível pensar que todos os profissionais definiram a profissão coerentemente com seu nível de relação com o terapeuta ocupacional, de acordo com as suas vivências anteriores, não determinando o certo ou errado. Muitas dessas percepções dos profissionais em relação ao terapeuta ocupacional são claramente vinculadas, então, a experiência dos profissionais no trato com o terapeuta ocupacional. A maneira que o profissional de terapia ocupacional exerce a sua profissão define o entendimento do universo ao seu redor a respeito do seu trabalho. É importante ressaltar que a autora pôde acompanhar em alguns momentos diversos estudantes em processo de finalização se sua profissionalização na área. E não foram incomuns as definições incorretas e falhas a respeito da atuação do profissional.