Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE EM SÃO PAULO: DESAFIOS DA REALIZAÇÃO DE PESQUISA QUALITATIVA
Fernanda Cangussu Botelho, Lúcia Dias da Silva Guerra, Larissa Vicente Tonacio, Kellem Vincha, Alexandra Pava Cárdenas, Ana Maria Cervato Mancuso

Resumo


Um município de grande porte como São Paulo apresenta uma complexidade na organização e gestão que se estende ao setor da saúde. Desta forma, a realização de pesquisas, especialmente as qualitativas, na Atenção Primária à Saúde (APS) em São Paulo encontra diversos desafios, como um modelo de gestão descentralizado em Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) e Supervisões Técnicas de Saúde (STS), influenciado pela presença de parceiros da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) como as Organizações Sociais de Saúde, dificultando o desenvolvimento e a concretização de pesquisas no município. Na obtenção das autorizações para a realização de pesquisa qualitativa em alimentação e nutrição fez-se necessário percorrer um extenso fluxo de contatos. A autorização inicial foi feita pela Coordenação da Atenção Básica da SMS. Posteriormente foram buscadas as autorizações das CRSs das STSs, por fim das Unidades Básicas de Saúde, para que se chegasse aos profissionais. A inserção no cotidiano da APS no presente estudo mostra que este modelo de gestão causa entraves na realização de pesquisas, pois há muitas etapas burocráticas para a concretização da coleta de dados, além de apresentar-se como dificultador na comunicação no próprio sistema de saúde. Inexiste um padrão quanto aos procedimentos necessários para obter as autorizações, variando de realização de reuniões para exposição do projeto a casos em que todo o processo ocorreu virtualmente. Cabe salientar que, por estar a cargo da SMS, a APS esteve sujeita a mudança de gestores a partir de janeiro de 2013, de forma que se perderam alguns contatos realizados na gestão anterior, sendo necessário recomeçar o fluxo de autorizações. Foi possível estreitar a relação entre os profissionais da saúde e os pesquisadores, aproximando a prática da APS com o meio acadêmico. Atualmente a pesquisa encontra-se em coleta de dados, com atraso causado pela fragmentação do serviço. Entretanto, a experiência oportunizou aos pesquisadores apropriação da realidade do serviço público, principalmente nas regiões periféricas do município. Faz-se necessário lidar adequadamente com os aspectos geográficos e logísticos de São Paulo, pois esses se apresentam como desafios para a realização de pesquisa, principalmente quanto à inserção no campo. A experiência aponta para a necessidade de um modelo de gestão mais padronizado quanto aos procedimentos de implementação de pesquisas, uma vez que essas buscam qualificar as ações de saúde.

Palavras-chave


atenção primária à saúde; pesquisa em saúde; organização do SUS

Referências


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