Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
OS SIGNIFICADOS SOCIOCULTURAIS QUE INTERFEREM NA AUTOESTIMA DA MULHER OBESA
Angela Maria Bittencourt Fernandes da Silva, Marcia Elane Teixeira Duarte Nunes, Marco Seleno Carneiro Santos, Eliane Tinoco Belarmino

Resumo


Introdução: A sociedade contemporânea vive período de valorização exacerbada da estética corporal, vem se transformado num verdadeiro paradigma, influenciando o comportamento cotidiano das pessoas. Por outro lado, existe enorme contingente de pessoas que não se encaixam nesse perfil, o que acarreta angustia e ansiedade, pois esse corpo foge desses padrões, favorece diálogo tensivo entre a construção social da diferença e dos estigmas mediados pelo imaginário cultural que sustenta as tramas da (in)exclusão. A Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde, que busca o desenvolvimento, tratamento e reabilitação de pessoas que tenham seu desempenho afetado por problemas motores, clínicos, cognitivos, emocionais e social. Objetivo: Analisar a concepção de corpo que a mulher obesa/ sobrepeso possui sobre si mesma. Metodologia: A abordagem utilizada foi a pesquisa-ação. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o nº 259/11 e foram realizadas oficinas terapêuticas visando responder as questões: Que concepção de corpo você possui ao se encontrar fora dos padrões estéticos sociais? A imagem da mulher obesa passou a ser sinônimo negativo na sociedade atual? Resultados: Participaram dessa pesquisa 15 obesas, que residem na zona oeste do Rio de Janeiro. Nas oficinas verificou-se que as obesas verbalizaram que se sentem “diferentes” e que percebem olhares desconcertantes e impiedosos, sobre si. Olhares curiosos, que desejam invadir o seu ser para poder identificar o porquê da obesidade. Essa curiosidade favorece o sentimento de não pertencimento àquele lugar, o que evoca a própria aceitação de si mesma. Outro aspecto observado nas oficinas se relacionam a dimensão do inferior, do doente e da falta de cuidado pessoal, que vivencia uma trajetória marcada pela percepção negativa que gera sentimentos de tristeza, depressão, isolamento, perda da autoestima e que favorece o jogo da (in)exclusão. Nesse sentido, a compreensão dos signos corporais e dos modos como são construídos favorecem a percepção da não aceitação da obesa em seu meio, no qual gordura virou vilã e a obesa a vítima de discriminação por não se enquadrar dentro dos padrões de beleza fabricados pelo contexto cultural. Conclusão: A compreensão dos signos corporais e dos modos como são construídos e demarcados, favorecem a atuação da Terapia Ocupacional no pensar em estratégias que visem o respeito e o acolhimento a fim de, propor uma práxis que de conta de superar tal desafio.

Palavras-chave


Obesidade; Terapia Ocupacional, Estigma

Referências


BANKOFF, Antonia Dalla Pria. Obesidade, magreza e estética: qual o modelo de corpo ideal? In: MOREIRA,Wagner W. e SIMÕES, Regina (Org). Esporte como fator de qualidade de vida. Piracicaba: Editora UNIMEP, 2002.

BARROS FILHO, Antônio A. Um quebra-cabeça chamado obesidade. J. Pediatr. (Rio de J.)., Porto Alegre, v. 80, n. 1, 2004.

GUEDES, Cláudia M. O corpo desvelado. In: MOREIRA, Wagner W. (Org). Corpo pressente. Campinas: Papirus, 1995.

LAMBERTUCCI, Rafael H. et al. Corpo ativo e saúde. In: MOREIRA Wagner W. (Org.). Século XXI: a era do corpo ativo. Campinas: Papirus, 2006.

ZOTTIS, Carolina. O corpo obeso e a percepção de si. Monografia defendida em 12 de março, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003.