Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ASPECTOS EMOCIONAIS DO CORPO VIOLENTADO DE MULHERES DA ZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO
Angela Maria Bittencourt Fernandes da Silva, Marcia Garcia Quadros, Joyce Chaves de Souza Araujo, Nivea Fiaux

Resumo


Introdução: A violência doméstica é qualquer ato, conduta ou omissão que sirva para infligir, com intensidade, sofrimentos físicos, sexuais, mentais ou econômicos, de modo direto ou indireto a qualquer pessoa cujo agente da violência seja cônjuge, sendo um fenômeno que tem assumido proporções bastante elevadas e que só foi denunciado a partir dos anos 60/70 pelos movimentos feministas. Têm-se no isolamento, na fragmentação, no poder, no domínio e na influência moral, fatores predisponentes. A Terapia Ocupacional é uma profissão do âmbito da saúde, cuja área do conhecimento centra-se na análise e aplicação terapêutica de atividades a qual facilita processo de aquisição de habilidades, que tornam o indivíduo mais adaptado e inserido no seu meio social. Objetivo: Identificar as principais consequências emocionais trazidas à mulher vítima de violência doméstica para pratica de Terapia Ocupacional. Metodologia: Estudo qualitativo, com utilização de oficinas terapêuticas, cuja coleta de dados esta sendo utilizado por depoimentos espontâneos. Resultados: Participam desta pesquisa 15 mulheres que residem na zona oeste do Município do Rio de Janeiro. Tem-se como resultado preliminar no que se refere aos sintomas físicos, que elas apresentam aumento da pressão arterial, dores no corpo, principalmente de cabeça e dificuldades para dormir, o que fazem ir à busca de atendimento médico. Grande número de mulheres (75,5%) relatou como principal consequência emocional decorrente da violência sofrida o sentimento de tristeza, ansiedade e medo que influenciam no cumprimento de suas atividades da vida diária e o de menos valia, que acarreta vergonha e isolamento. Muitas relataram estados ansiosos, estresse e agressividade, admitindo que se encontram mais nervosas e impacientes com amigos, familiares e até mesmo com os filhos. Outro aspecto observado foi à insegurança frente o viver porque se sentem indefesas e acuadas, em função de não terem a quem recorrer para obter um apoio nesta situação, pois se considera sem competência para cumprir as tarefas relevantes em sua vida, porque procurar a policia, não se constitui em apoio. Conclusão: Em face de tais implicações na vida da mulher, considera-se que a Terapia Ocupacional não pode ficar alheia a esta realidade, fazendo-se necessário compreender suas especificidades, promovendo a autodescoberta, fortalecendo a autonomia, a autoestima e seu poder decisão propiciando surgimento de novas alternativas para lidar com esta situação.

Palavras-chave


Violência doméstica, Gênero, Terapia Ocupacional

Referências


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