Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PRODUZINDO IDENTIDADES E NECESSIDADES DE SAÚDE NAS MULHERES EM PUERPÉRIO
Denise Antunes Antunes de Azambuja Zocche, Dora Lucia Oliveira

Resumo


Há no país um movimento crescente de reconhecimento à saúde das mulheres, culminando na criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, pelo Governo Federal, em 2003, ficando assim estabelecidas uma série de ações que vêm contribuindo e reafirmando o compromisso com as mulheres do Brasil (COSTA, 2009). Contudo, apesar do alargamento do escopo das ações programáticas, ainda existem especificidades sem a devida atenção. É o caso das necessidades de saúde das mulheres que se encontram no puerpério, este ainda contemplado apenas na medida da sua importância para a saúde do recém-nascido e para o controle da natalidade. Objetivo: apresentar dados parciais da pesquisa intitulada: Necessidades de Saúde das mulheres em puerpério. Metodologia: estudo qualitativo descritivo, baseado da teoria fundamentada em dados e no pensamento feminista uma vez que se propõe a dar voz e a identificar as diversas identidades que as mulheres ocupam ao serem posicionadas pelos serviços de saúde por meio das ações de saúde previstas para as mulheres em puerpério, nas políticas públicas de saúde.Campo de estudo: unidade básica de saúde (UBS) na cidade de Porto Alegre no estado do Rio Grande do Sul/Brasil e o domicilio das mulheres. Amostra: 21 mulheres entre o sétimo dia e o sexto mês pós-parto, com idade entre 19 e 40 anos, 4 enfermeiros, dois médicos, e um agente comunitário de saúde. Instrumento de coleta: entrevista semiestruturada e análise documental. Resultados: foram identificadas até o momento, três categorias: Buscando uma identidade: o puerpério como um agenciador de identidades na mulher; Condicionando as necessidades de saúde: entre a política e o dia-a-dia do puerpério; Mudando as posições das mulheres em puerpério: “ofertando” as necessidades de saúde. Estas categorias indicam que as mulheres ao longo do puerpério vão sendo posicionadas para atender a necessidades de saúde pré-concebidas pelo serviço e pelos profissionais, que eram aquelas necessidades de saúde relacionadas às funções fisiológicas de lactação e de reprodução (Alcoff, 2001). Conclusão: as ações envolvidas na atenção a saúde das mulheres em puerpério, em comparação com o que é preconizado pelos documentos do MS, não atendem na maior parte das vezes ao que é recomendado para a integralidade da atenção a saúde da mulher em puerpério, permanecendo mais centrado no RN.

Palavras-chave


politicas de saúde; puerpério, necessidades de saúde

Referências


ALCOFF, L. 2001. “Feminismo cultural versus post-estructuralismo: la crisis de la iden- tidad en la teoría feminista”. In. Navarro, m. & Stimpson, C. (comps.): Nuevas Di- recciones. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica.

COSTA, A. M. Participação social na conquista das políticas de saúde para mulheres no Brasil. Ciência e saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, Ago. 2009