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Em espaços institucionais como escolas e unidades de saúde os murais são utilizados tradicionalmente como ferramentas de repasse de informações. Deste modo, se constituem como uma ferramenta assíncrona e estática, no qual o público é apenas um receptor passivo. O objetivo do trabalho é apresentar uma releitura das intenções e usos do mural em espaços públicos. A construção de murais interativos foi utilizada como estratégia de educação em uma perspectiva crítica, dialógica e interativa, vivenciada na disciplina Educação Nutricional em curso de Nutrição. Eles foram concebidos com intencionalidades complementares: com os estudantes, no processo de ensino-aprendizagem para uso desta estratégia no seu cotidiano e futuro profissional, com o público leitor, para circulação de informações e para ambos, como dispositivo para o pensamento reflexivo e crítico sobre a alimentação e saúde. A cada semestre foram definidos coletivamente subtemas por estudantes e professores. Divididos em grupos, os estudantes ficam responsáveis pela criação e ocupação do espaço por 15 dias. As estratégias de comunicação, seleção de conteúdos, dispositivos de interação com público e expressão plástica contextualizada são debatidos durante o processo. Desde 2011, foram utilizadas múltiplas linguagens no processo de construção coletiva dos murais: ensaio fotográfico sobre a cultura alimentar no Rio de Janeiro; desenhos, colagens, maquetes sobre alimentação nas perspectivas ambiental, cultural, econômica, histórica, psicológica e social; análise de matérias sobre alimentação e nutrição em jornais e revistas de grande circulação; etc. A partir de avaliações os estudantes relataram que o processo de construção coletiva é desafiador tanto em relação ao posicionamento político-ideológico, à abordagem técnico-científica, bem como sobre as formas de comunicação e expressão plástica, pois expressam suas visões de mundo. Essa proposta de construção os coloca num lugar diferente: de provocador de questionamentos e reflexões, de produtor de sentidos. A relação com o público leitor pode ser percebida de forma mais expressiva na participação registrada nos dispositivos de interação dos murais. A construção coletiva de murais e as múltiplas linguagens tem se mostrado formadora e inovadora para os diversos sujeitos: professores, estudantes e público leitor, podendo ser uma ferramenta de educação e produção de sentidos nas redes de educação de saúde.

mural; educação alimentar e nutricional; formação