Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
O ESTÁGIO EM HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL CONTRIBUINDO PARA REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO DE FORMAÇÃO DO NUTRICIONISTA
Ana Alice Taborda, Flávia Garcia Castro, Rute Ramos da Silva Costa

Resumo


Muitos são os desafios para construir um sistema de saúde democrático, universal, igualitário e integral. Uma vez que a materialização das políticas de saúde ocorre por intermédio da atuação dos atores sociais no cotidiano dos serviços, é necessário refletir sobre a formação dos novos profissionais, com vistas ao comprometimento com práticas de saúde consoantes aos princípios e diretrizes do SUS. O nutricionista no exercício de sua função no SUS, no nível hospitalar, deve prestar assistência dietética e promover educação nutricional aos indivíduos enfermos, visando à promoção, manutenção e recuperação da saúde. Este resumo apresenta a experiência de graduandas em nutrição em estágio em hospital público estadual do Rio de Janeiro, de abril a dezembro de 2012. Durante o tirocínio, as acadêmicas puderam exercitar a atenção nutricional nas diferentes clínicas, sob supervisão dos nutricionistas que compunham a equipe técnica local. Esta experiência possibilitou a observação de aspectos que permeiam a atenção nutricional na prática profissional. Os problemas estruturais e de recursos humanos eram evidentes. Destacamos a desvalorização dos trabalhadores de saúde, que ressaltavam precariedade do vínculo empregatício, os baixos salários, a falta de materiais e as condições necessárias ao exercício profissional, número de pacientes para além das recomendações legais e a desarticulação da equipe multiprofissional. Essas e outras questões refletiam-se na prestação do cuidado ao paciente e na fragilidade dos vínculos e do acolhimento. O nutricionista deve considerar que a alimentação é elemento de humanização das práticas de saúde e ainda, que expressa valores, símbolos e relações sociais para além das dimensões biológicas. A internação hospitalar exige que a assistência nutricional seja co-responsabilizada entre paciente e equipe multiprofissional. Enfim, ao compreender o estágio como uma experiência de formação, ressaltamos a importância da prática supervisionada para o amadurecimento pessoal e profissional. Possibilita ainda a percepção de (in)coerência(s) teórico-prática no âmbito da nutrição clínica. Aspectos como a falta de vínculo com o paciente pode contribuir negativamente para as expectativas profissionais. Recomendamos às instituições formadoras e locais de estágio investimentos na promoção do diálogo entre as ciências da saúde, as ciências sociais e as pedagogias libertadoras, como modo de valorizar as dimensões subjetivas que permeiam o cuidado em saúde.

Palavras-chave


formação profissional; humanização do cuidado; atenção nutricional

Referências


BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília (DF): Senado, 1998.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS). Disponível em: < www.portal.saúde.gov.br>. Acesso em: 11 dez. 2008.

FLEURY, S. Desigualdades injustas: o contradireito à saúde. Psicologia e Sociedade, v.23, p.45-52, 2011.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 5. ed., 1997.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1987.

MENDES, E.V. 25 anos do Sistema Único de Saúde: resultados e desafios. Estudos avançados, v. 27, n.78, p.27-34, 2013.

MATOS, E.; PIRES, D.E.; SOUSA, G.W. Relações de trabalho em equipes interdisciplinares: contribuições para novas formas de organização do trabalho em saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.63, n.5, p. 775-81, 2010.

SOUSA, A.A.; PROENÇA, R.P.C. Tecnologias de gestão dos cuidados nutricionais: recomendações para qualificação do atendimento nas unidades de alimentação e nutrição hospitalares. Revista de Nutrição, Campinas, v.17, n. 4, p.425-436, 2004.