Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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UM PONTO NO MACHISMO
Maria Rafaela Amorim de Araujo

Resumo


Caracterização do problema: O parto natural é um poderoso evento feminino, que impugna o patriarcado. Por isso há a tendência de regular o processo de parturição, fazendo com que as mulheres fiquem submissas ao poder médico e vulneráveis a intervenções desnecessárias. Entre essas, a episiotomia ou “pique”, uma cirurgia realizada na vulva, cortando a entrada da vagina com uma tesoura ou bisturi. Além disso, durante a sutura, muitas vezes é realizado um ponto mais apertado, denominado “ponto do marido”, para deixar a vagina mais apertada e preservar o prazer masculino. Descrição da Experiência: Trata-se de uma experiência vivenciada no I Seminário Narrativas do Nascer - Violência Obstétrica, que aconteceu no dia 6 de novembro de 2013, em Recife-Pernambuco. Esse teve como objetivo abrir para a comunidade acadêmica e não acadêmica a discussão que vem sendo feita pelas pesquisadoras do grupo Narrativas do Nascer acerca de uma revisão bibliográfica e construção de um banco de dados sobre o tema do parir e do nascer. O seminário teve duração de 4 horas e contou com 60 participantes, entre eles profissionais e acadêmicos das áreas da saúde e assistência social. Foram ministradas três palestras: Contextualizando a violência obstétrica no Brasil, com Tatianne Frank; Considerações sobre os rituais do parto e nascimento, com Elaine Müller e Reflexões acerca da dor e do sofrimento no parto, com Mariana Portella; onde a temática da Episiotomia perpassou por todas elas. Efeitos alcançados: A partir das palestras verifica-se que a episiotomia e, seu "ponto do marido", representa o domínio do machismo na obstetrícia, além de representar um ritual de mutilação genital. Uma vez que o procedimento ao invés de promover a saúde genital ou a do bebê, provoca danos sexuais importantes, dor intensa, aumenta os riscos de incontinência urinária e fecal, e leva a frequentemente complicações infecciosas, problemas na cicatrização e deformidades, entre outros (DINIZ, 2012). Caracterizando-se assim como uma violação aos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, assim como uma violência de gênero. Recomendações: Durante o seminário, identificou-se a necessidade de informar as mulheres nos serviços de saúde, no pré-natal e no parto, sobre a possibilidade de um parto natural, sem intervenções desnecessárias, como a episiotomia indiscriminada. Para que assim as mulheres possam decidir sobre seu corpo e seu processo reprodutivo, iniciando com isso o fim da dinâmica do machismo.


Palavras-chave


Violência Contra a Mulher; Parto Normal; Episiotomia.

Referências


DINIZ, Simone. Campanha pela Abolição da Episiotomia de Rotina. In: PARTO DO PRINCÍPIO – MULHERES EM REDE PELA MATERNIDADE ATIVA (Org.). Dossiê da Violência Obstétrica: Dossiê da Violência Obstétrica. Brasil: [s. n.], 2012. p. 88-92. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/comissoes/documentos/SSCEPI/DOC VCM 367.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2013.