Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE MAUS - TRATOS CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Julio Cesar de Oliveira Silva, Talita Vaz de Queiroz, Antonia Aldenira de Freitas Araujo, Aline de Souza Pereira, Geisy Lanne Muniz Luna, Deborah Pedrosa Moreira

Resumo


A notificação de maus-tratos contra crianças e adolescentes é toda informação emitida pelo sistema de saúde ou por qualquer outro órgão, ou pessoa para o Conselho Tutelar, com o fim de proporcionar cuidados voltados à proteção destas, assim a notificação tem como finalidade interromper atividades ou comportamentos violentos em um âmbito familiar realizada por qualquer agressor. OBJETIVOS: Analisar o conhecimento dos enfermeiros a respeito da ficha de notificação compulsória, a sua importância, utilidade e dificuldades encontradas na notificação. METODOLOGIA: Pesquisa qualitativa, realizada por meio de uma entrevista semi – estruturada com quatro enfermeiros da Estratégia Saúde da Família – ESF em dois Postos de Saúde da Secretaria Executiva Regional - SER I, do município de Fortaleza-CE, no período de agosto de 2013. Os dados foram analisados por meio da perspectiva de Bardin. Toda a pesquisa seguiu de acordo com a Resolução Nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza – Unifor, parecer nº 07 – 087. RESULTADOS: Emergiram as seguintes categorias: Medo dos profissionais em notificar, contexto socioeconômico como fator dificultante, contexto familiar com histórico de violência e ambiente próximo de drogas e o não aporte educacional quanto a violência nas Instituições de Ensino Superior - IES. Foi observado que o medo por parte dos agredidos, no caso as crianças ou da mãe, é um fator que dificulta a identificação dos maus tratos. Já a importância da ficha de notificação para os entrevistados se resumiu apenas ao contexto epidemiológico. Quanto às dificuldades para preenchimento da ficha alguns disseram não ter, já outros afirmam que o contexto socioeconômico, contexto familiar, principalmente o medo de retaliação e o não amparo do estado impossibilita seu preenchimento, e o restante afirmou nunca ter preenchido a ficha e por isso não poderia responder o questionamento. CONCLUSÃO: Percebe-se que os enfermeiros da ESF atuam amedrontados devido ao contexto social que estão inseridos. Todos afirmaram não ter um aporte educacional na graduação sobre violência e nenhuma aconselhamento sobre a ficha de notificação, o que impede a abordagem à família da criança maltratada. O estudo chama atenção dos profissionais quanto a notificação dos casos de maus-tratos na infância, pois a prevenção de casos novos e recidivas garante uma assistência ao cuidado centrado criança e família.

Palavras-chave


Estratégia Saúde da Família; Notificação Compulsória; Violência Contra Crianças e Adolescentes.

Referências


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