Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A EDUCAÇÃO POPULAR NO SUS PROMOVENDO AUTONOMIA E INCLUSÃO SOCIAL PELO TRABALHO
Katia Liane Rodrigues Pinho, Leonardo Penafiel Pinho

Resumo


Este trabalho tem por objetivo apresentar a experiência da Rede Estadual de Saúde Mental e Economia Solidária (Rede) e seus processos diversificados e interativos de educação e formação, de usuários e trabalhadores de serviços de saúde mental do Estado de São Paulo. A partir de uma visão de saúde como produtora de qualidade de vida, a inclusão social, a cidadania e a reabilitação tornam-se estratégias centrais na promoção de saúde dos usuários da saúde mental. Nessa perspectiva, a Rede organiza um conjunto de projetos, oficinas e empreendimentos solidários surgidos através das políticas públicas do SUS e que objetivam a reabilitação psicossocial. Operando de modo coletivo todas as suas ações, orientadas sob os princípios da Economia Solidária: solidariedade, autogestão, dimensão econômica e cooperação, a Rede atualmente conta com 28 municípios e aproximadamente 200 oficinas/empreendimentos solidários. Com foco na geração de autonomia e empoderamento dos usuários e projetos, a Rede buscou em suas reuniões, eventos, seminários e atividades construir processos dialógicos que pudessem socializar experiências e tecnologias sociais formando multiplicadores para garantir o direito ao trabalho associado e autogerido. Sob a perspectiva metodológica de Paulo Freire, onde a produção de conhecimento se dá na interação e nos processos dialógicos entre os atores envolvidos, os princípios da educação popular têm norteado as ações formadoras da Rede. Essa metodologia de formar multiplicadores permite fortalecer a mobilização social dos projetos, oficinas e empreendimentos solidários em seus territórios e comunidades. Ampliando autonomia e a autogestão dos projetos, oficinas e empreendimentos solidários, uma vez que o conhecimento empodera e dá sentido a vida. A Rede, com sua estratégia fundada na mobilização social e no fortalecimento da autogestão das oficinas, projetos e empreendimentos, atua combinando ética, política e estética, ao construir um processo de enunciação coletiva em pró ao Direito ao Trabalho e acesso aos bens culturais. Promover a Inclusão Social pelo Trabalho e superar a negação a esses direitos é a tarefa que a Rede se colocou, por isso, aposta na auto-organização e na educação popular, como ferramentas, de transformação institucional, política e social.

Palavras-chave


educação popular; reabilitação psicossocial; economia solidária.

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