Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CONHECENDO A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO DF: ESTAMOS PREPARADOS?
Larissa Polejack, Pérolla Goulart, Marina Nobre Miranda, Rebeca Torquato, Breenda Veras, Veruska Vasconcelos, Daniel Gomes

Resumo


Políticas Públicas podem ser vistas como iniciativas político-administrativas construídas sobre determinada superfície social, condicionadas pelas características desta e dependentes de especificados modos de pensamento, rotinas de ação e de estruturas que permeiam a sociedade (GARLAND, 2008 em HADLER, 2010). Atualmente, tais demandas têm guiado os princípios governamentais em direção a uma abordagem mais diversificada e humanizada no processo de cuidar, evocando o aspecto psicossocial como integrante indispensável deste cenário. A Portaria nº 154/08 define ações a serem desenvolvidas pelas equipes dos NASF objetivando a atenção integral da população em seu território, entretanto não há menção específica acerca de atuação do profissional da Psicologia. Neste sentido, este trabalho, ainda em andamento, objetiva conhecer como se dá a inserção da Psicologia na ESF do DF identificando avanços e desafios para implementação da atenção psicológica na Atenção Primária, destacando o conceito de Matriciamento como eixo primordial desta atuação. Para tanto, optou-se pela pesquisa qualitativa dividida em duas etapas: 1)levantamento bibliográfico e 2)contato com a realidade dos NASF por meio de observação participante, entrevista semi-estruturada e rodas de conversa envolvendo profissionais, gerentes, gestores e usuários. Como resultados preliminares, identifica-se que os atores envolvidos com a gestão da ESF alegam uma carência da valorização acadêmica e social da atenção primária. Em sua atuação, os profissionais falam da diferença entre o “aprendido” nas suas graduações e o “vivido” na prática de implementação da Política, pontuando idiossincrasias do território, da equipe, do contexto político e da estrutura dos serviços. O conceito de matriciamento ainda é um desafio frente à formação focada em especialistas e à prática biomédica, mas oferece um novo panorama de atendimento diferenciado ao valorizar a rede e a troca de saberes. Percebe-se dificuldades de articulação da rede, ampliação da cobertura dos serviços e a persistência de paradigma predominantemente biomédico refletido na formação profissional. O papel do Psicólogo ainda está em construção neste nível de atenção mas constata-se crescente interesse acerca do SUS e possibilidades de intervenção para qualificação da atenção implementação de práticas coerentes com os princípios da  humanização. O investimento na formação acadêmica possibilitará mudanças no paradigma atual de cuidado, gerando uma forma diferenciada de atuação.

Palavras-chave


Psicologia, ESF, NASF, Políticas Públicas

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