Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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VIVENCIAR PARA LIBERTAR: A INFLUÊNCIA DO VER-SUS PARA A DESCONSTRUÇÃO SOCIAL DE UM MANICÔMIO
Júlia Leffa Becker Schwanck, Fabiana Andressa Rodrigues da Silva, Angélica Dias Pinheiro, Bruno Klafke Alves

Resumo


Este trabalho relata a visita feita ao Hospital Psiquiátrico São Pedro em uma das experiências vivenciadas por um grupo de graduandos de diversos cursos na edição de inverno/2013 do projeto Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde - VER-SUS, realizado na Grande Porto Alegre. O modelo de cuidado visualizado durante a vivência trouxe questionamentos sobre o modo que realizamos saúde mental atualmente: por meio da exclusão e do preconceito ainda vestigial da era manicomial e que, de algum modo, influencia na maneira como lidamos com os novos dispositivos de saúde. Este fato pode ser visto na institucionalização dos Centros de Atenção Psicossocial e da produção de novos aprisionamentos, tal como a dificuldade dos usuários de circularem pelas Redes Assistências de Saúde (MERHY, 2004; MERHY et al, 2002). Dentre os objetivos dessa atividade contemplou-se: permitir o aflorar de sensações, sentimentos e pensamentos a respeito do modelo de manicômio social ainda existente; permitir que os estudantes conhecessem um espaço de saúde mental diferenciado; e promover a discussão interdisciplinar para a realidade do sistema de saúde municipal. Como metodologia realizou-se a visita ao Hospital Psiquiátrico São Pedro, onde os usuários foram observados durante suas atividades diárias e alguns graduandos realizaram troca de experiências com os moradores. Observou-se que, por mais que haja tentativas de inclusão social destas pessoas através do incentivo à autonomia e da transferência de internos para moradas terapêuticas, o comportamento dos profissionais permanece focada em controlar o modo de vida das pessoas pelas quais são responsáveis, oprimindo seus anseios de liberdade. Esse tipo de conduta confronta os ideais que construímos e que temos aprendido nas universidades. Assim, surge o atual paradigma da formação em saúde: como articular ensino-serviço-comunidade, para superarmos e rompermos com as amarras sociais que ainda permitem tais condutas? A partir da construção de um coletivo de estudantes, a promoção de discussões, diálogos, entre outras atividades, vimos procurando respostas para estes problemas, propondo ações para a demolição do antigo modelo e a reconstrução deste novo fazer em saúde mental que sugere a promoção de liberdade e autonomia integrais.

Palavras-chave


Vivência; Saúde Mental; Manicômio.

Referências


MERHY, Emerson Elias; CHAKKOUR, Maurício; OLIVEIRA, Patrícia Conceição Pires; RODRIGUES, Rodrigo Arnaldo. O dentro e o fora - transcender os limites dos "muros institucionais": o relato de situações sobre a relação entre o serviço de saúde mental. Dr. Cândido Ferreira e a comunidade. 2002. Disponível em: http://paginas.terra.com.br/saude/merhy.

MERHY, Emerson Elias. Os CAPS e seus trabalhadores: no olho do furação antimanicomial. Alegria e alívio como dispositivos analisadores. 2004. Disponível em http://paginas.terra.com.br/saude/merhy.