Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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‘QUANDO VIVER É INFLUENCIAR’: MÁRIO MAGALHÃES, PENSAMENTO SANITÁRIO E SOCIABILIDADES INTELECTUAIS (1940-60)
Jose Roberto Franco Reis, Camila Furlanetti Borges

Resumo


Este trabalho pretende abordar o pensamento sanitarista brasileiro entre os anos 40 a 60 através das ideias do médico Mário Magalhães, observado aqui como um dos nomes mais representativos da corrente intelectual desenvolvimentista na saúde, que vinculava a ação médico-sanitária ao desenvolvimento econômico e social do país. Compreendendo-o como um pensamento político, no sentido de que se volta para a ação sobre situações concretas do país, pretendemos observar textos analíticos e propositivos desse sanitarista e também de programas de saúde pública levados a cabo pelo Estado Brasileiro entre os anos 40 e 60 através do Departamento Nacional de Saúde (DNS), mas também por uma das agências sanitárias mais importantes do período, o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), criado em 1942, no contexto do envolvimento do Brasil na 2ª Guerra e de aproximação aos Estados Unidos, mas que aqui permanece nas décadas seguintes. Tal recorte se justifica pelo fato deste período, marcado pelo impacto das reformas do ministro Gustavo Capanema à frente do Ministério da educação e Saúde, ser considerado um momento chave de afirmação e consolidação da estrutura de saúde pública no Brasil, que deixaria marcas fundas até pelo menos os anos 60. Nosso objetivo é investigar as possíveis linhas de continuidade e/ou descontinuidade entre os diferentes momentos de afirmação do pensamento sanitarista tendo em vista a compreensão corrente que identifica um processo se não de ruptura com certeza de polarização aberta, entre os modelos de saúde consolidados  no 1° Governo Vargas e períodos  seguintes, notadamente as políticas do chamado sanitarismo campanhista, caracterizadas por intervenções centralizadas, verticais e definidas em função do combate a certas doenças específicas e o chamado sanitarismo desenvolvimentista, que apontava a necessidade de desenvolver economicamente a nação como condição necessária para a melhoria das condições gerais de saúde da população. Será com base, pois, em um perspectiva de análise histórica, que busca recuperar os fundamentos conceituais e as práticas do sanitarismo campanhista e do modelo SESP em contraposição às posições  do sanitarismo desenvolvimentista,  que esse trabalho se desenvolverá. Pesquisa de caráter histórico que, para além da sua possível relevância per si, consideramos importante no sentido de contribuir para o deslindamento dos desafios contemporâneos voltados à construção e organização do campo da saúde no Brasil.

Palavras-chave


Saúde pública; sanitarismo-desenvolvimentista; políticas de saúde