Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ENSINO DA SAÚDE: ENSAIO COM RASURAS
Denise da Silva Mattos

Resumo


Este relato visa mostrar como se produz a proposta de integração dos alunos de graduação médica de uma universidade federal tradicional brasileira, de um grande centro urbano, a partir de disciplina eminentemente prática, obrigatória, do terceiro período, para 96 estudantes, com 88 horas semestrais de atividade de campo na rede de Atenção Primária à Saúde, do Sistema Único de Saúde. Introduzida em 1993, no terceiro período do curso, como parte da idéia germinal de inserção precoce do alunado na rede de serviços de saúde Municipais, sua praxis e referenciais teóricos foram se reconfigurando, segundo as macropolíticas, como a implantação da Estratégia Saúde da Família-ESF e incorporação de políticas indutoras do Ministério da Saúde como o Pró-Saúde, as Diretrizes Curriculares Nacionais e condições micropolíticas, moleculares, disparadas pelo trabalho vivo, em ato. Falo como docente da disciplina desde 1995 e coordenadora didática de 2005 até o presente, contando com equipe multiprofissional constituída por tutores docentes e funcionários técnico administrativos de diversas áreas da saúde. Lidar com múltiplos atores, ouvir suas narrativas e deixar-me afetar por essa rede de ações/informações/emoções resultou na percepção de discursos e práticas que tanto potencializam quanto esgotam trabalhadores do ensino, dos serviços, alunos e usuários, e que são, muitas vezes imperceptíveis no cotidiano da disciplina, tendo que ser objeto de oficinas e rodas de conversa para que se chegue à reflexão e à reformulação de posições. Do antigo modelo de estágio na rede, quase uma intrusão institucionalizada, para o desenho atual que pelo menos esboça integração, caminhamos não em evolução linear, mas em devir, aos saltos, fluxos e refluxos, ganhos laterais e mil atravessamentos. Contradições e ambiguidades povoam os campos de prática. No Rio de Janeiro, hoje, territórios acessíveis pela política de pacificação não são pacíficos; obedecem mais à lógica geográfica que as complexidades das populações; a porta de entrada das unidades de saúde se escancara, mas o acesso ainda é precário e as diversas formas jurídicas de contratação dos trabalhadores tensionam o público o privado, já desgastados no embate SUS x Saúde Suplementar. Nesse pano de fundo são forjados os arranjos pedagógicos institucionais para a prática. Meu propósito é descrever como se produz a cartografia destes arranjos, suas fraquezas e fortalezas.

Palavras-chave


Ensino da saúde; integração ensino-serviço

Referências


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