Este trabalho busca conjugar, através lógica dos programas de residência multiprofissional, os campos da educação e saúde como formação para o trabalho no SUS. O texto surge da experiência e reflexão dos autores nas atividades tutoria e preceptoria de programa de residência multiprofissional em oncologia e, também, a partir de experiência  docente em instituição de ensino superior. Em 2005 os Ministros de Estado da Educação e da Saúde, através da Lei Federal 11.129, instituem as residências multiprofissionais e em área profissional da saúde, tal ação tem o potencial de fomentar a interdisciplinaridade nas práticas em saúde por aproximar diferentes saberes a fazeres em um espaço de formação. Trata-se de formação de recursos humanos para a saúde envolvendo ensino em serviço. Estão diretamente envolvidos nessa atividade residentes, preceptores, tutores, equipe de saúde e usuários. Nosso objetivo neste trabalho é apontar elementos para a reflexão dos processos de ensino-aprendizagem no atual contexto da política de saúde. É fato que a interdisciplinaridade é um dos caminhos para responder às necessidades de saúde em seu caráter multifacetado, os programas podem somar forças a esse trabalho em equipe. São desafios da residência multiprofissional: a mudança da concepção de saúde como ausência de doenças (mudança para além do “formal”, mudança nas práticas); a superação do modelo disciplinar fragmentado ruma a construção de um currículo interdisciplinar, articulando ensino, pesquisa, gestão e assistência em equipe multiprofissional; o rompimento da polarização entre individual versus coletivo e biológico versus social; integração aos programas multiprofissionais com a residência médica; a superação do conceito de residência associado a “treinamento”; a construção dos conteúdos interdisciplinares sem prejuízo às contribuições dos campos específicos. A presença do residente nas equipes de saúde pode promover alterações nas formas de pensar a atenção em saúde, bem como dar movimento às estruturas formais e solidificadas. Sobre a relação ensino-aprendizagem, além da horizontalidade, são necessárias ferramentas pedagógicas capazes de viabilizar reflexões críticas, promover avaliações participativas e transformar o processo como um todo em ações, em efetivas inovações em saúde.