Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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UMA ETNOGRAFIA DO DESEJO E DA PRODUÇÃO SOCIAL DOS SENTIDOS SOBRE O “SEXO SEGURO”
Vinícius Mauricio-lima

Resumo


A transmissão sexual é a principal causa de contaminação pelo HIV no Brasil. Em 2012, representou 86,8% dos novos casos entre as mulheres e 75, 7% das incidências entre os homens (BRASIL, 2012). As campanhas e ações de saúde estimulam ao “sexo seguro”, entendido como “os hábitos da camisinha” (PAIVA, 2000: 21). Nos últimos 30 anos, pesquisadores têm se dedicado, entre outros, aos estudos do comportamento sexual dos soropositivos, da prevenção e da vulnerabilidade individual e coletiva. (PAIVA, 2000; PARKER, 2000; PARKER & CAMARGO JR, 2000; MONTEIRO, 2002) Diante desse cenário, nesta pesquisa proponho entender o desejo, ou “as formas de vontade de viver, de vontade de criar, de vontade de amar, de vontade de inventar outra sociedade, outra percepção do mundo, outros sistemas de valores” (GUATTARI, 2011: 261). Assim, penso que os soropositivos atribuem sentidos outros para o “sexo seguro”, como a confiança nos parceiros sexuais, o uso contínuo dos medicamentos antirretrovirais, o prazer e o posicionamento de fazer sexo desprotegido. O desejo agrega, ainda, acredito, não apenas a questão sexual, possibilitando que as pessoas se unam contra o HIV e a AIDS, por exemplo, em movimentos sociais. É pela comunicação que as pessoas produzem, fazem circular e se apropriam desses sentidos (ARAUJO & CARDOSO, 2007). Sendo assim, os profissionais de saúde têm relevante importância, visto que estão na ponta das relações do Sistema Único de Saúde. Por isto, com este trabalho tenho como objetivos entender como na comunicação entre pacientes soropositivos e profissionais de saúde, no contexto de uma policlínica da rede pública, a categoria do desejo é manifesta e qual sua relação com os sentidos produzidos sobre o “sexo seguro”, compreendendo os modelos e a importância da comunicação interpessoal no combate à AIDS. O procedimento metodológico a ser utilizado é a etnografia, com a realização de observação participante e de entrevistas em profundidade para a coleta de dados, cuja análise será feita por meio da análise dos discursos sociais, que possibilitam “compreender o modo de funcionamento, os princípios de organização e as formas de produção de seus sentidos” (MINAYO, 2010: 319). Esta pesquisa atenderá às normas éticas do Conselho Nacional de Saúde (SAÚDE, 2012), sendo submetida à aprovação do Comitê de Ética da Fundação Oswaldo Cruz e do Comitê de Ética da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Palavras-chave


HIV/Aids; SUS; Comunicação.

Referências


ARAUJO, Inesita Soares de ; CARDOSO, Janine Miranda. Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro : editora Fiocruz, 2007.

BRASIL, Ministério da Saúde do. Aids no Brasil. Brasília-DF: 2012. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/aids-no-brasil. Acesso em 4 de julho de 2013, às 22h54.

GUATTARI, Félix. Micropolítica: cartografias do desejo. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 2011.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12ª ed. São Paulo: Hucitec, 2010.MONTEIRO, Simone. Qual prevenção? Aids, sexualidade e gênero em uma favela carioca. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2002.

PAIVA, Vera. Fazendo arte com a camisinha: Sexualidades Jovens em Tempos de Aids. São Paulo: Summus, 2000.

PARKER, Richard. Na contramão da AIDS: sexualidade, intervenção, política. Rio de Janeiro: ABIA; São Paulo: Editora 34, 2000.

PARKER, Richard; CAMARGO JÚNIOR, Kenneth Rochel de. Pobre e HIV/AIDS: aspectos antropológicos e sociológicos. Revista Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 16(Sup. 1):89-102, 2000.

SAÚDE, Conselho Nacional de. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução, nº 196, de acordo com a Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 e a Lei nº 8.142  de 28 de dezembro de 1990. Brasília. Versão 2012.