Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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VIOLÊNCIA NO ÂMBITO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: TRANSITANDO ENTRE DOIS MUNDOS
Tatiana Monteiro Fiuza, Francisco Ursino da Silva Neto, Renan Magalhães Montenegro, Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, Pedro Renam Santos de Oliveira

Resumo


O trabalho tem como objetivo relatar abordagem comunitária de equipe de saúde da família em comunidade considerada de “risco”. Essa apresenta elevado índice de violência e iniquidades sociais típicos do crescimento desordenado. Este estudo tem como referencial teórico-metodológico a etnografia e a hermenêutica aplicada ao contexto social. Diário de campo e entrevistas foram realizados e posteriormente interpretados. Agregamos à nossa análise hermenêutica conceitos elaborados pelos pensadores pós-estruturalistas Gilles Deleuze e Félix Guatarri Desde 2006 assumimos a Barra do Ceará como território de prática e as práticas da violência manifestaram-se como problemática. O cenário inicial era uma comunidade sem acesso à unidade de saúde, marcado pela dominação por “gangues” rivais. Durante o processo de inserção na comunidade compreendemos que para sermos aceitos sem restrições deveríamos conseguir transitar entre dois mundos: o de profissionais de saúde que cresceram em uma classe social privilegiada, que tiveram a oportunidade se graduar e o da comunidade que desterritorializa e reterritorializa na sombra da opressão, do abandono. Essa barreira invisível e densa foi a primeira que precisava ser desterritorializada. Detectamos espaços e pessoas com influência sobre sua dinâmica do território. Foram implementadas ações curativas, de reabilitação, prevenção e promoção. A primeira estratégia foi iniciar o atendimento as crianças em uma igreja evangélica. Pensar é desterritorializar e esses só são possíveis na criação. Para criar algo novo é necessário romper com o território existente, sair da “zona de conforto” e criar novos territórios. Foram necessários novos agenciamentos, novos encontros  na relação entre equipe e comunidade. A equipe conhecia e era conhecida; cuidava e passava a ser cuidada e protegida, expandindo um pensamento que se propõe dar respaldo àqueles excluídos das políticas públicas de saúde, no intuito de oferecer-lhes um recurso teórico que os possibilite lutar uma melhor qualidade de vida. Desta maneira transitamos entre os ‘mundos’ da ESF cujo acesso é um paradigma e o mundo da comunidade, marcado pela violência e pela falta de acesso à saúde. Criação de vínculo, reconhecimento dos fatores culturais no processo saúde-doença, abordagem integral, longitudinal, multiprofissional e garantia do acesso, enfim,  compreensão e respeito ao território vivo possibilitou o trabalho da equipe de saúde e melhoria dos indicadores de saúde dessa comunidade.

Palavras-chave


práticas de violência; abordagem comunitária

Referências


1-      Angrosino, Michael. Etnografia e observação participante, tradução José Fonseca, ARTMED, Porto Alegre, 2009

2-      Deleuze, G. e Guatarri, F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia . Vol. 3. Rio de Janeiro: Editora 34. 1996.

3-      Deleuze, Gilles, 1925 -1995  D39m   Mil platôs - capitalismo c esquizofrenia, vol. 4 / Gilles Deleuze,  Felix Guattari; tradução de Suely Rolnik. - São Paulo: Ed. 54, 1997 176 p.  (Coleção TRANS)  Tradução de: Mille plateaux - capitalisme et schisophrénie   Bibliografia  ISBN 85-7326-050-5

4-      Gadamer, H-G. Verdade e Método I. Traços fundamentais de uma hermenéutica filosófica. 5º ed. Petrópólis: Vozes/Bragança Paulista: Ed. São Francisco, 2003.

5-      Haesbaert, Rogério. O mito da dester- ritorialização: do ‘fim dos territórios’ à multiterritorialidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.