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Com as mudanças paradigmáticas no campo da saúde dadas pela substituição de um modelo centrado na doença para outro centrado no humano e em suas complexidades, a educação tradicional, a partir de práticas avaliativas cerceadoras da liberdade e criatividade, tem sido considerada como cega ao conhecimento da dimensão global e multidimensional do ser humano. Daí emerge a necessidade de um processo de formação que reforme o pensamento e que fomente a participação crítica e ativa dos educandos na construção de seus conhecimentos. A experiência se deu no curso de Ativação de Processos de Mudança da Formação Superior ofertado pela Fundação Oswaldo Cruz, no ano de 2013. Como especializandos nos aproximamos de um instrumento de avaliação chamado Portfólio. Este é considerado instrumento problematizador que resgata a prática do pensar, do refletir e do escrever em um movimento dialético e plenamente criativo. Inicialmente, foram percebidas dificuldades em conceber o portfólio como instrumento avaliativo, uma vez que estávamos imersos em práticas tradicionais, que elevam a avaliação quantitativa como o único meio de avaliar um aluno e seu aprendizado. Entretanto, à medida que o processo foi se desenvolvendo, o portfólio foi sendo incorporado à aprendizagem e foram agregadas a ele potencialidades criadoras e artísticas. A partir da experiência, observou-se o potencial que o portfólio tem para ativar mudanças internas e externas, individuais e coletivas. O potencial não está no portfólio em si, mas no que aprendemos e as competências que adquirimos ao criá-lo. A autonomia, a avaliação crítica e a aprendizagem significativa em contato com a realidade do educando e com suas experiências de vida e de mundo fizeram e deram sentido a este processo de formação que se deu em um movimento contínuo e profundo de afetar e deixar ser afetado. Assim, a experiência permitiu ver o portfólio reflexivo como facilitador da construção do conhecimento, como meio de interação com o outro e com nós mesmos e como ativador de mudanças, de liberdade e de criatividade. Recomendamos o portfólio não apenas como instrumento avaliativo, sobretudo, como organizador do processo de formação em que o professor deixa de ser o avaliador e o aluno o avaliado.