Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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RELAÇÕES SOCIAIS E SAÚDE DO TRABALHADOR: ANÁLISE PSICOSSOCIAL EM UM SETOR DA UFRRJ.
Meiryellem Pereira Valentim, Patrícia Rodrigues da Rocha

Resumo


A análise psicossocial dos ambientes de trabalho desenvolvida pelo Núcleo de Atenção à Saúde dos Servidores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (NASSUR/UFRRJ), através de equipe multidisciplinar, objetiva avaliar a situação de saúde no ambiente de trabalho, elucidando o processo de trabalho, assim como, as relações sociais intrínsecas a este processo. Busca-se compreender as relações sociais estabelecidas na Prefeitura Universitária/UFRRJ, com 16 servidores (100% de adesão). Foi aplicada uma entrevista estruturada avaliando-se: informações gerais, saúde, fatores de personalidade, relação com o trabalho, atividades e organização do trabalho, ambiente e processo de trabalho. As entrevistas foram realizadas por assistente social, psicólogo, médico e enfermeiro. Resultados: 75% dos servidores são do sexo masculino; 43,75% se encontram na faixa etária de 45 a 55 anos; 62,5% possuem curso superior completo ou em curso; a maioria dos servidores (37,5%) são engenheiros civis; 62,5% têm outro vínculo empregatício; os problemas de saúde relacionados ao trabalho: estresse e desgaste emocional (33,33%), distúrbios de humor (16,67%), dores na coluna (16,67%), problemas respiratórios (16,67%) e problemas dermatológicos (16,67%). 31% afirmaram que o trabalho lhes causa algum tipo de desprazer ou sofrimento; 81,25% relataram que suas tarefas ocupacionais são compatíveis com sua função; a maioria dos servidores (56,25%) percebe falha na comunicação ou na troca de informações referentes ao trabalho; 62% responderam não haver percepção de injustiça ou de tratamento desigual dentro do ambiente de trabalho; 94% relataram haver ajuda mútua entre os grupos ou equipes de trabalho. Em suma, as dificuldades encontradas estão relacionadas à falta de planejamento, reunião e ações coletivas, apresentadas como de difícil implantação em função do alto fluxo de trabalho e caráter técnico das ações. Inferimos que a organização do fluxo de trabalho é condição essencial para garantia de um ambiente saudável e propício ao desenvolvimento das atividades laborais e das relações a ele imbuídas. Tornando-se imperioso a manutenção das ações coletivas, o diálogo sobre as relações e processos de trabalho, além da adequação do espaço físico. Ademais, ressalta-se a importância do envolvimento dos trabalhadores e da chefia para realizar e implantar a avaliação, visto que é um sobre processo dinâmico e esta em constante reformulação.

Referências


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