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AS RODAS DE CONVERSA COMO METODOLOGIA DE APROXIMAÇÃO ENTRE PACIENTES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Resumo
Profissionais de saúde têm se mobilizado para o enfrentamento do uso abusivo do álcool e outras drogas. No dia a dia do serviço de saúde, a discussão é insuficiente, pois nos deparamos com nosso vínculo ainda frágil com os pacientes e seus familiares, temos dificuldades em lidar com as questões que trazem, e sentimos falta de estabelecer parcerias com outros órgãos de saúde. Assumindo essa causa, desenvolvemos, desde 2011, na Policlínica Antônio Ribeiro Netto (PARN), no município do Rio de Janeiro, as Rodas de Conversa com o objetivo de expandir a atenção integral e humanizada das pessoas com problemas relacionados ao álcool e outras drogas, melhorar a escuta e o diálogo entre profissionais de saúde e pacientes, trocar conhecimentos e experiências e reduzir os danos causados pelo uso dessas substâncias. A metodologia consistia em, uma vez ao mês, durante duas horas, promover o encontro da equipe com os pacientes e suas famílias, posteriormente também agregando outras pessoas da comunidade, antes, na sala de reunião do ambulatório de HIV/AIDS e, depois, no auditório do PARN. O encontro era divulgado com antecedência no PARN e os interessados orientados pelo serviço social sobre a atividade. Os assuntos abordados eram de interesse conjunto. As narrativas apontaram para reflexões importantes da equipe. As pessoas traziam assuntos relacionados ao uso abusivo do álcool e outras drogas, mas também histórias de vida, crenças, relações afetivas etc. Entre as dificuldades, encontramos a baixa frequência dos pacientes, a pouca participação de outros profissionais do próprio serviço e a falta de parcerias com outras instituições voltadas à temática. Atualmente, a equipe profissional, de duas assistentes sociais e dois estagiários, investe na escuta e diálogo por entrevista motivacional, de modo a identificar o perfil do nosso paciente e construirmos estratégias adequadas ao seu interesse e necessidade. A parceria com profissional estudioso do assunto nos permitiu fazer proposta de supervisão com a leitura de textos, discussão em grupo e contato com outras experiências institucionais. A aproximação com os pacientes possibilitou que, juntos, participássemos de passeios fora do PARN, e o aumento de contatos pessoais e institucionais. Assim, acreditamos que as Roda de Conversa têm sido útil para reforçar o vínculo com os pacientes, na compreensão de suas dificuldades e angústias, na busca de possíveis soluções para essas questões, contribuindo com a qualidade de vida.
Palavras-chave
SUS, Rodas de Conversa, álcool e outras drogas
Referências
Acselrad, Gilberta (org). Avessos do Prazer: drogas, Aids e direitos humanos. Organizado por Gilberta Acselrad- Rio de Janeiro Editora FIOCRA, 2000. 268p.