Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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PROMOÇÃO DA SAÚDE, MUNICÍPIOS SAUDÁVEIS: UM ESTUDO DE EMPODERAMENTO EM UMA COMUNIDADE RURAL
Janete Arruda Araujo

Resumo


Este estudo aborda o tema empoderamento que entra em cena para análise das políticas públicas no Brasil, a partir dos anos 2000. Busca identificar se houve empoderamento comunitário no distrito de Barra do Riachão, localidade rural município de São Joaquim do Monte (PE), relacionando esse empoderamento com o projeto Municípios Saudáveis no Nordeste do Brasil, desenvolvido em 2003-2008. Consideradas estratégicas em Promoção da Saúde, iniciativas de Municípios Saudáveis vêm sendo promovidas pela OMS desde a década de 80. Visa incentivar a formulação de políticas públicas voltadas à melhoria da qualidade de vida, com ênfase na intersetorialidade e na participação social. O estudo abrange o período de 2009 a 2012. Na perspectiva do desenvolvimento social (FRANCO DE SÁ et al, 2006), procuramos examinar qual a capacidade dessa comunidade de atuar, refletir, decidir, avaliar e modificar suas vidas. Nesta abordagem, entendemos o empoderamento numa visão emancipatória, como expansão de capacidades (SEN, 2000). Na pesquisa utilizamos estratégia metodológica qualitativa, tomando como fontes de pesquisa a entrevista semiestruturada e a análise documental (publicações oficiais e registros de monitoramento). Foram realizadas doze entrevistas, subdivididas em quatro categorias de informantes chave: promotores de municípios saudáveis, artesãs, gestores e munícipes. Na sistematização e interpretação dos dados, utilizamos a técnica de análise de conteúdo do tipo temática (BARDIN, 2010). Os resultados permitiram categorizar o empoderamento em três dimensões, de acordo com Oacley e Clayton (2003) e Romano e Antunes, (2002): Empoderamento pessoal – pelas entrevistas podemos afirmar que houve um aumento na autonomia, autoestima, autoconfiança, e na procura por cursos técnicos e universitários. Empoderamento entre os pares - identificamos maior interação entre os comunitários no que concerne à organização e mobilização popular. Empoderamento comunitário - embora tenham sido realizadas ações coletivas, a pesquisa indicou que a localidade ainda apresenta fragilidades relativas à ação comunitária organizada, visto que a ação organizada é incipiente e com pouca capacidade de preservar sua autonomia frente aos poderes estabelecidos. Assim, concluímos que o empoderamento é processual, com avanços e retrocessos. Verificamos que os avanços na comunidade não se ampliaram como esperado, entre outros fatores, em virtude do limitado apoio da gestão municipal às iniciativas locais.

Palavras-chave


Promoção da saúde, Municípios saudáveis, Empoderamento

Referências


BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Tradução Luis Antero reto e Augusto Pinheiro. Lisboa/Portugal: Loyola, 2010.

FRANCO DE SÁ,Ronice; YUASA, Motoyuki; PINCOVSKI, Sheilla, AGRIPINO FILHO, Djalma. Municípios saudáveis e inclusão social no Nordeste do Brasil. In: Municípios Saudáveis no Nordeste do Brasil: conceitos, metodologia e relações institucuinais. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2006.

OAKLEY, Peter; CLAYTON, Andrew. Monitoramento e avaliação do empoderamento  ("empowermnt"). 1. ed. tradução de Zuleika Arashiro e Ricardo Dias Sameshima. São Paulo: Instituto Pólis, 2003.

ROMANO, Jorge; ANTUNES, Marta. Introdução ao debate sobre empoderamento e direitos no combate a pobreza. In: ROMANO, Jorge; ANTUNES, Marta. (Org.) Empoderamento e direitos no combate a pobreza.  rio de Janeiro: Action Aid Brasil, 2002.

SEN, Amartya Kumar. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo. Companhia das Letras, 2000.