Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL
Denis Axelrud Saffer

Resumo


A atenção a saúde mental no país vem se modificando a partir da Reforma Psiquiátrica, reorientando-se para um trabalho no território que articula lugares no social junto aos sujeitos em sofrimento. A saúde mental na atenção básica passa ter especial importância nesse sentido, permitindo a ativação de diversos recursos comunitários e familiares. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é uma figura importante nesse processo, ocupando uma posição híbrida de profissional de saúde e morador da comunidade (FERREIRA ET AL, 2009). A especificidade da posição do ACS favorece uma clínica ampliada, além das técnicas tradicionais e dos saberes biomédicos, centrando-se na história da família e da comunidade, produzindo um cuidado mais compartilhado e horizontal. (LANCETTI, 2006). A presente pesquisa vem sendo realizada junto a Agentes Comunitários de Saúde na Unidade de Saúde Parque dos Maias em Porto Alegre, vinculada ao Grupo Hospitalar Conceição, onde o pesquisador é psicólogo residente. Tem como objetivo principal produzir conhecimento acerca do lugar ACS no Cuidado em Saúde Mental, explorando que estratégias estes utilizam para efetivar esse cuidado, assim como as posições institucionais que ocupa frente à equipe e à comunidade, essenciais para entender seu trabalho. A metodologia utilizada é a cartografia, partindo do pressuposto que qualquer pesquisa tem um caráter de intervenção, produzindo pesquisador e pesquisado em seu trajeto. Essa não se propõe a gerar resultados fechados, mas acompanhar processos e as possibilidades de criação que se abrem nestes. Como instrumentos de pesquisa estão sendo realizadas duas rodas de conversa, observação participante no cotidiano do trabalho dos ACS, e o registro em diário de campo, ferramenta de investigação que opera a análise das implicações. Vê-se entre os ACS a produção de estratégias criativas de cuidado, lançando mão de potências afetivas articuladas com o contexto de produção de vida no território, intervindo no mesmo a partir da articulação de redes. O dia-a-dia torna-se o palco onde podem ser reinventados os projetos de vida. Nessas intervenções há uma frequente mistura entre as posições de amigo, vizinho e profissional da saúde, o que permite por vezes uma atuação humanizada e inovadora, mas também gerando complicações nessa indiferenciação.

Palavras-chave


Agentes Comunitários de Saúde; Saúde Mental; Atenção Básica

Referências


LANCETTI, Antonio. Clínica Peripatética. São Paulo: Hucitec, 2006

FERREIRA, Vitória Solange Coelho; ANDRADE, Cristina Setenta; FRANCO, Túlio Batista e MERHY, Emerson Elias. Processo de trabalho do agente comunitário de saúde e a reestruturação produtiva. Cad. Saúde Pública. vol.25, n.4, pp. 898-906, 2009