Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PARTICIPAÇÃO: UM DESAFIO PARA ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO
Ana Paula Azevedo Hemmi

Resumo


A educação em saúde pode ser compreendida como uma possibilidade para participação da população usuária dos serviços de saúde em decidirem e escolherem o que desejam para suas vidas. Assim, essa prática necessita de estreitamento de laços entre profissionais de saúde e usuários que vai além de uma estratégia de simples mudança de hábitos e comportamentos da população. Para que isso aconteça, na prática, é preciso que repensemos como a Educação em Saúde tem sido abordada nos cursos de graduação nos diversos cursos da saúde. Aqui, pretendo relatar uma experiência de realização de atividade educativa com acadêmicas do quinto período do Curso de Enfermagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, localizada no município de Diamantina, Minas Gerais. Inicialmente, foi discutido em sala de aula aspectos históricos da educação em saúde e seus conceitos, assim como suas possíveis abordagens que realmente considerem o conhecimento da população. Porém, ao sermos convidadas pela diretora de uma Escola Municipal de Diamantina para abordarmos os temas Gravidez na adolescência; Uso de drogas e Higiene pessoal, pude perceber que a primeira iniciativa das acadêmicas seria desenvolver palestras sobre tais temas. Assim, preferi propor que fossem deixadas caixas na Escola para que os estudantes pudessem colocar perguntas que lhes fossem convenientes a respeito dos seguintes assuntos Sexualidade; Drogas e Cuidados com o corpo. Após uma semana, recolhemos as caixas e foi possível perceber que as perguntas estavam relacionadas predominantemente à curiosidades dos estudantes sobre sexualidade e mudanças que acontecem no corpo. Em relação ao tema Sexualidade, as perguntas se relacionavam ao prazer no ato sexual e sobre como acontece a gestação. Em relação ao uso de drogas, foi possível perceber perguntas relacionadas aos efeitos da droga no organismo. Quanto ao “Cuidado com o corpo”, as perguntas se relacionavam à hidratação da pele e cabelos. Após, a leitura de todas as perguntas foi então possível preparar a abordagem aos estudantes da Escola, por meio de rodas de conversas. A partir desta experiência, percebi um medo das acadêmicas de Enfermagem em trabalhar com os estudantes temas que não sejam por meio de palestras e sim por conversas em que as experiências de ambos estejam em questão. Acredito que o diálogo com os envolvidos no processo de educação em saúde seja uma peça fundamental para que a educação em saúde seja de fato participativa.

Palavras-chave


Educação em Saúde; Ensino.

Referências


BRASIL. Oficinas de educação em saúde e comunicação. Brasília: Ministério da saúde: Fundação Nacional de Saúde, 2001. p.62.

 

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