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APROXIMANDO A ARTE E A EDUCAÇÃO POPULAR À RODA DA UNIDADE DE UM CSF DE SOBRAL – CE
Resumo
Caracterização do problema: O trabalho em saúde no âmbito da atenção primária é muitas vezes repleto de práticas rotinizadas, burocratizadas e de gestão vertical e hierárquica, o que promove uma barreira para a ampliação das relações inter-profissionais e com a comunidade. Nessa perspectiva, surgem alguns espaços de diálogo e reflexão que visam propiciar a participação, a democratização e a co-gestão, dentre eles ressalta-se as Rodas dos Centros de Saúde da Família (CSF). No entanto, algumas metodologias utilizadas nessas rodas inibem o diálogo e a participação. Dessa forma, incorpora-se a Arte e Educação Popular. Descrição da experiência: O Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET-SAÚDE) propicia a aproximação do serviço, propiciando aos monitores a possibilidade de vivenciar o território e a unidade de saúde. Dessa forma, compartilha-se a experiência de aproximação das práticas de Arte e Educação popular nas rodas de um CSF de Sobral, Ceará, realizado no mês de agosto de 2013. Para sua realização articulou-se o GT de arte e educação popular da Escola de Formação em Saúde da Família, onde se utilizou da técnica do teatro oprimido de Augusto Boal. Os profissionais presentes, escolhidos aleatoriamente, foram instigados a montar uma cena (sem falas, só expressões corporais) que retrate a rotina da unidade. A partir de então, os outros participantes da roda observaram e discutiram a cena, como também sugeriram alterações e propuseram soluções. Efeitos alcançados: A partir da cena, o coletivo passou a discutir as potencialidades e fragilidades da unidade, sendo o acolhimento representado como um grande gerador de conflitos, posteriormente construiu-se um plano com estratégias e corresponsabilidade que pudessem minimizar os problemas retratados, como também surgiu um espaço de valorização e estimulação das potencialidades pessoais e do serviço. Observou-se que a experiência estimulou o diálogo e a participação, uma vez que permitiu a integração/interação interpessoal e a visualização dos agentes oprimidos e opressores representados em cena. Recomendações: Ressalta-se a relevância de espaços dentro dos CSF onde as pessoas possam conviver com a arte e a educação popular, ao mesmo tempo em que estão discutindo problemas e definindo contratos e estratégias. Dessa maneira, a Arte e a Educação Popular contribuem para a superação do modelo tradicional e muitas vezes bancário das reuniões nos CSF, promovendo assim um espaço dialógico e participativo.
Referências
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido e outras poéticas políticas. Civilização Brasileira, 1977.
BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde. Política nacional de Humanização da atenção e Gestão do SUS. Gestão participativa e cogestão. Série B. textos Básicos de saúde. Brasília, 2009.