Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
O USUÁRIO PORTADOR DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA – IRC E A RELAÇÃO DA LINHA DE CUIDADO EM SAÚDE COM O PROCESSO DE ATIVIDADE LABORAL: RELATO DE CASO
Ana Iara Pereira de Souza, Robéria Mandú da Silva Siqueira, Elaine Antônia Perez, Luciana Venhofen Martinelli Tavares, Carlos Alberto Eloy Tavares

Resumo


O portador da Insuficiência Renal Crônica - IRC convive com uma doença incurável que o sujeita a um tratamento doloroso e provoca muitas limitações. Isolamento social, perda de emprego e dependência da Previdência Social, geralmente são os problemas que mais afetam a qualidade de vida do usuário renal crônico. Objetivo: Observar o portador de IRC e a relação da linha de cuidado em saúde com o processo de atividade laboral. Método: Estudo de caso, envolvendo dois usuários portadores de IRC submetidos ao procedimento de transplante renal e encontravam-se internados na Santa Casa (Associação Beneficente de Campo Grande/MS) em agosto de 2013. A avaliação dos resultados ocorreu pela análise qualitativa do discurso da história de atividades laborais através de relato de caso, incluindo o período pré, intra e pós-tratamento. Resultados: Caso I: J.D.F, sexo masculino, 41 anos, solteiro, residente em Campo Grande/MS. Antes do agravo à saúde trabalhava como Vidraceiro. Ao iniciar o tratamento de hemodiálise, abandonou este emprego e iniciou um trabalho autônomo. O atraso em receber o auxílio da Previdência Social foi citado como motivo para continuar trabalhando durante o tratamento. Três meses após o transplante o mesmo foi trabalhar com tinta e acabou inalando demasiadamente seu odor, vindo a ter sérios problemas pulmonares. Alegou que após o transplante, recebendo a alta hospitalar foi orientado quanto aos cuidados que deveria ter, todavia não seguiu as orientações médicas por achar que já se encontrava bem de saúde. Caso II: G.S, sexo masculino, 44 anos, casado, residente em Rondonópolis/MT. Relata que antes de ser diagnosticado com IRC, era dono de uma conveniência. Ao iniciar o tratamento de hemodiálise parou de trabalhar, pois na realização desse serviço era obrigado a carregar e manusear materiais pesados. Durante a hemodiálise não conseguiu receber o auxílio da Previdência Social, e estando impossibilitado de trabalhar, decidiu arrendar seus imóveis. Após o transplante pretende reiniciar suas atividades laborais, mas ainda não sabe em qual profissão. Conclusão: Ressalta-se a importância do trabalho interdisciplinar durante o processo de orientação da alta hospitalar, com o intuito de superar a fragmentação do cuidado, e a necessidade da integração dos serviços de saúde a outros serviços essenciais para promover a recuperação global do indivíduo e sua reinserção na sociedade, como o desenvolvimento dos programas de Reabilitação Profissional.

Palavras-chave


Insuficiência Renal Crônica; Transplante renal; Atividade Laboral; Linha de cuidado em saúde

Referências


1-      Romão Júnior JE. Insuficiência renal crônica. In: Cruz J, Praxedes JN, Cruz HMM. Nefrologia. São Paulo: Savier, 1994. p. 187-220.

2-      Marcondes E. Pediatria básica. 8ª ed. São Paulo: Sarvier, 1999.

3-      Pereira LDP, Cavalcante GMV. (2009). Hemodiálise: a percepção do portador renal crônico. Cogitare Enfermagem. 2009; 14(4): 689-95.

4-      Gullo ABM, Lima AFC, Silva MJP. Reflexões sobre comunicação na assistência de enfermagem ao paciente renal crônico. Rev.Esc.Enf.USP. 2000; 2(34): 209-12.

5-      Martins MRI, Cesarino CB. Atualização sobre programas de educação e reabilitação para pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise. J. Bras. Nefrol. 2004; 26(1): 45-50.

6-      Zanella E, Dyniewicz AM, Kobus LSG. Narrativa de uma cliente com insuficiência renal crônica: a história oral como estratégia de pesquisa. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2004; 2(6): 199-212.

7-      Lima AFC, Gualda DMR. Reflexão sobre a qualidade de vida do cliente renal crônico submetido à hemodiálise. Revista Nursing. 2000; 3(30): 20-23.

8-      Valderrábano F, Jofre R, Lopez GJM. Quality of life in end stage renal disease patients. Am. J. Kidney Dis. 2001; 38(3):443-64.

9-      Lara EA, Sarquis LMM. O paciente renal crônico e sua relação com o trabalho. Cogitare Enfermagem. 2004; 9(2): 99-106.

10-  Terra FS, Costa AMDD. Expectativa de vida de clientes renais crônicos submetidos a hemodiálise. R Enferm. 2007; 15(4): 533-7.

11-  Coutinho NPS, Vasconcelos GM, Lopes MLH, Wadie WCA, Tavares MCH. Qualidade de vida de pacientes renais crônicos em hemodiálise. Rev Pesq Saúde. 2010; 11(1): 13-17.

12-  Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda 2010/2011: mercado de trabalho. 3. ed. / Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. -- São Paulo: DIEESE, 2011. p. 96.

13-  Carreira L, Marcon SS. Cotidiano e trabalho: concepções de indivíduos portadores de insuficiência renal crônica e seus familiares. Rev Latino-am Enfermagem. 2003; 11(6):823-31.

14-  Souto DF. Saúde no trabalho: uma revolução em andamento. Rio de Janeiro. Senac/Sesi Nacional; 2003. p. 37-39.

15-  BRASIL. Auxílio-doença previdenciário. Previdência Social [base de dados na internet]. [acesso em 2013 Out 7]. Disponível em: http://agencia.previdencia.gov.br/e-aps/servico/145

16-  Mendes AC, Shiratori K. As percepções dos pacientes de transplante renal. Revista Nursing. 2002; 5(44): 45-51.

17-  Gokal R. Quality of Life in Patients Undergoing Renal Replacement Therapy. Kidney Int Suppl. 1993; (40): 23-27.

18-  Jofre R, Lopez GJM, Moreno F, Sanz GD, Valderrábano F. Changes in quality of life after renal transplation. Am. J. Kdney Dis. 1998; 32(1): 93-100.

19-  Lôbo MCSG, Bello VAO. Reabilitação profissional pós transplante renal. J. Bras. Nefrol.  2007; 1(29):  29-32.

20-  Decreto Nº 003.048-1999, Livro II, título II, capítulo V, Art. 136; Regulamento da Previdência Social 1999. [Online] [acesso em 2013 Out 6]. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11743716/artigo-136-do-decreto-n-3048-de-06-de-maio-de-1999.

21-  Associação Brasilrira de Transplante de Órgãos-ABTO. Manual de Transplante Renal [Online] [acesso em 2013 Set 3] Disponível em: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/manual_transplante_pos.pdf.

22-  Pompeo DA, Pinto MH, Cesarino CB, Araújo RRDF, Poletti NAA. Atuação do enfermeiro na alta hospitalar: reflexões a partir dos relatos de pacientes. Acta Paul Enfermagem. 2007; 20(3): 345-50.

23-  Potter PA, Perry AG. Fundamentos de enfermagem. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p. 394-421.