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As políticas nacionais de saúde e educação têm promovido o conceito ampliado de saúde e a formação profissional integral e humanitária. No entanto, a integração das ciências humanas aos demais conteúdos curriculares permanece um desafio. Este artigo relata a experiência de uma universidade privada do interior paulista de integração dos conteúdos das disciplinas de sociologia, psicologia social e saúde coletiva para o primeiro ano de cursos de graduação em saúde. Relato: A integração partiu de um processo institucional de revisão curricular. Em quatro encontros, professores levantaram e discutiram a bibliografia; estabeleceram objetivos geral e específicos de aprendizado envolvendo a sociologia, a psicologia social e a saúde coletiva; elaboraram a ementa e desenharam o cronograma de atividades, prevendo dois módulos bimestrais: um conceitual e um aplicado. Ao final da disciplina de Cidadania e Responsabilidade Social espera-se do aluno: reconhecer-se como sujeito portador de direitos com potencial transformador de si mesmo e da realidade social; capacidade crítica de análise da sociedade e sua inserção nela como sujeito; consciência de sua responsabilidade como agente transformador da sociedade e reconhecimento dos instrumentos e espaços necessários para a garantia e efetivação dos direitos sociais. Em carga horária de 54 horas, leem e debatem sobre a sociedade contemporânea, usando como referência autores da sociologia e da psicologia socio-histórica e vídeos. No segundo bimestre vão a campo, orientados por instrumentos de observação sistemática da vizinhança. Encontram representantes da comunidade e dos serviços públicos a fim de compreenderem o papel dos indivíduos e grupos na transformação social. Nas quatro turmas concluídas, foram pontos comuns: a revelação de uma cidade desconhecida dos alunos; a constatação da importância dos equipamentos sociais e a quebra de rótulos relativos à pobreza e à falta de instrução. Percebe-se nos alunos, desde os primeiros anos, a tendência a uma visão reduzida da saúde privilegiando o plano biomédico e atitudes normalizadoras. A disciplina causa incômodo e estranhamento; alguns ampliam a visão e desenvolvem atitude reflexiva, outros mantém o distanciamento social, ansiosos pelos ensinamentos e ações biomédicos. A disciplina abre possibilidades de formação de profissionais mais humanitários, mas a sedimentação desses caminhos depende da integração a disciplinas posteriores, especialmente no campo da prática.

educação em saúde; humanidades em saúde; observação participante