Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A EXPERIÊNCIA DE INTERCÂMBIO DE ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE BOLOGNA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Leonardo Tonelli, Alessandro Guzzeta, Antonio Donatto, Ardigò Martino

Resumo


No último ano, tivemos a oportunidade de refletir sobre o conceito de saúde e a sua complexidade. A necessidade de escapar das limitações impostas pela universidade, para uma perspectiva de abordagem interdisciplinar à saúde, permitiu-nos a entrar em contato com o Centro de Saúde Internacional (CSI) da Universidade de Bolonha (UNIBO). Devido ao fato de nos ter sido oferecida a oportunidade de um período de investigação-ação, em Porto Alegre junto com colegas brasileiros da Educação Física e Saúde Coletiva (UFRGS), através da Rede Governo Colaborativo em Saúde. Durante nossa estadia de um mês no Brasil, tivemos a oportunidade de observar o funcionamento e as várias estruturas do Sistema Único de Saúde (SUS) e das experiências do educador físico na equipe de saúde. Durante as visitas ao Centro de Atenção Psico-social (CAPS) e do Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF), podemos ver, embora com alguma dificuldade, como os educadores físicos tentam configurar um trabalho na saúde coletiva, que começa a partir de necessidades das pessoas, envolvendo-os de uma forma participativa, com o objetivo de torná-la, tanto quanto possível, o produtor da sua própria saúde e não só "consumidores" do serviço. Para entender melhor esta abordagem global para o usuário, através do trabalho em equipe interdisciplinar, nos foi interessante lidar com o conceito de práticas corporais que se ocupa, principalmente, de pensar o cuidado com o corpo (que é o usuário) e não sobre o corpo (que parece só um corpo "sem a pessoa"), eliminando alguns pré-conceitos da medicina clínica. Entre as várias experiências fora do SUS muito importantes foram a visitas a centro de geração de renda e visitas a projetos como o  "Meninos da Vila", que há alguns anos oferece a possibilidade a meninos da comunidade, de 7 a 16 anos, de jogar futebol de forma gratuita. De fundamental importância, foram os workshops e as lições que tivemos, através da qual se lançaram as bases para uma compreensão teórica dos conceitos de saúde coletiva e de práticas corporais, bem como a sua contextualização no processo político. O modo de trabalho de grupo e "brainstorming", adotada durante os dias de seminário, nos permitiu comparar-nos com as nossas experiências. Chegamos no Brasil em um período de fortes protestos e debates para a copa do mundo e por isso,  consideramos importante relatar a nossa experiência com os jogos anti-racistas, realizados na Itália, tentando comparar essas duas formas opostas de fazer esportes e suas implicações sociais. A importância da nossa experiência no Brasil, naturalmente, não é um fim em si. Na verdade, nos sentimos como parte de um processo mais amplo e na construção em longo prazo de uma micro-política que pode ser assumida por mais e mais atores. O que relatamos na Itália, além do grande trabalho que vai continuar em rede, é também, de um grande impulso emocional que este país nos deu com aqueles que lutam todos os dias e trabalha para construir outros mundos possíveis.

Palavras-chave


Saúde Coletiva, sistemas de saúde, cooperação internacional, práticas corporais