Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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SIGNIFICADOS DA HANSENÍASE PARA A EQUIPE DO PROGRAMA DE CONTROLE DA HANSENÍASE: ESTIGMAS X PRECONCEITOS
Mariana de Oliveira Araujo, Maria Ângela Alves do Nascimento, Bianca de Oliveira Araujo

Resumo


A hanseníase é marcada, na atualidade, por muitos preconceitos devido à transmissibilidade e as incapacidades físicas que pode trazer ao seu portador, representando um problema de saúde pública. Apesar de ser uma doença que, uma vez tratada, apresenta possibilidades significativas de cura e não oferecer risco de contágio, ainda persiste uma estigmatização, que remonta à sua história. Diante de tal realidade, a inter-relação profissionais de saúde e usuários poderá assumir uma relevância na condução da prática de saúde, mediante a utilização de ações voltadas à subjetividade, pois devem permitir a promoção da integralidade, humanização e resolutividade nos serviços ofertados. Deste modo buscamos com este estudo compreender os significados da hanseníase para os profissionais de saúde do Programa de Controle da Hanseníase (PCH) em uma unidade de referência de um município baiano. Para tanto, realizamos um estudo de abordagem qualitativa no Centro de Saúde Especializado de Feira de Santana – BA, espaço de referência para o controle da hanseníase. Participaram do estudo 12 sujeitos. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram a observação sistemática e a entrevista semiestruturada. Os dados foram sistematizados e analisados pelo método Análise de Conteúdo, o que permitiu a articulação entre a teoria e os dados empíricos. Os resultados mostraram que os profissionais de saúde do PCH têm algum tipo de preconceito com relação a hanseníase, ao referi-la como doença “feia”, “chata”, expressando que orientavam os usuários a omitir o seu diagnóstico para sociedade. Tal preconceito é também vivenciado em outros serviços de saúde pelos hansenianos, os quais lhes recusam atendimento. Contudo, destacamos que não foi observado episódio que demonstrasse preconceito por parte dos trabalhadores de saúde. Diante destas considerações, vimos que as práticas de saúde desenvolvidas na atenção a saúde no PCH precisam ter uma referência voltada para o acolhimento, a qual é possível de ser alcançada e capaz de promover a inclusão social dos indivíduos assistidos, na medida em que considera os parâmetros humanitários no processo de trabalho. Sendo assim, a humanização da assistência através do acolhimento surge como uma forma de “provocar ruídos no cotidiano” e quebrar os estigmas e preconceitos que envolvem a hanseníase, promovendo a inclusão social deste usuário e, consequentemente, a construção de uma saúde pública e em defesa da vida destes cidadãos.

Palavras-chave


Hanseníase; humanização; profissionais de saúde