Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
DIÁLOGOS SOBRE HUMANIZAÇÃO – UM ENCONTRO POLIFÔNICO DOS CAMPOS DA SAÚDE, ARTE E FILOSOFIA
Elizabeth Clarkson, Tânia de Lemos Marins, Maria de Fátima Muniz

Resumo


Este trabalho trata do documentário Humanização: encontros e desencontros de olhares polifônicos que é parte da pesquisa: “Em análise a questão da humanização nas práticas de saúde – uma proposta transdisciplinar”, desenvolvida pela Universidade Federal Fluminense. Tal documentário cartografa narrativas de vários segmentos, com o objetivo de dar visibilidade aos múltiplos sentidos que a idéia de humanização abriga e de colocar-se como dispositivo disparador de ações formadoras. O processo de construção da Política Nacional de Humanização busca revitalizar os cenários da assistência, os processos de trabalho em saúde, a produção do cuidado, a formação em saúde, e os espaços de participação social. Tal proposição nos é apresentada como aposta ético-estético-política que intenciona mudanças nos modelos de gestão e de atenção em saúde e, em última instância, credita às relações estabelecidas entre sujeitos e instituições seu êxito enquanto política que transversaliza ao SUS. A partir do entendimento de que a humanização das práticas em saúde designa um campo de complexidade, e a partir da evidência de que o exercício de humanizar escapa às sintéticas cartilhas e articula-se, antes, à necessidade de conhecer e analisar os múltiplos sentidos a este emprestados pelos diferentes atores – usuários, trabalhadores, gestores, estudantes e ativistas de movimentos sociais –, e os agenciamentos produtores de subjetividades e fazeres, coloca-se o desafio de pensar criticamente os caminhos pelos quais coletivos e instituições fortalecerão o SUS. Produzir práticas inovadoras que se alinhem ao propósito da defesa da vida e que se diferenciem daquelas produzidas a partir de um modelo de produção econômica que ressoa negativamente sobre o destino de coletividades requer múltiplos enlaces, teóricos e práticos, porquanto o próprio conceito de saúde, desde a origem do SUS, vem sendo ampliado de forma a considerar indissociáveis as várias dimensões do episódio humano – física, afetiva, relacional, política, entre outras. O estabelecimento de interfaces dialógicas com os campos da arte e da filosofia evoca confluências conceituais potencializadoras de um debate que afirma a saúde como exercício permanente de sinergia, parceria, e solidariedade. Os resultados parciais da pesquisa afirmam a humanização como um conjunto de sentidos histórica e socialmente produzidos, o cuidado como valor ético-político, e a necessidade de superação da fragmentação observada nos processos de trabalho.

Palavras-chave


Humanização: Ética; Cuidado; Transdisciplinaridade.

Referências


AYRES, j.R.C. M. Care and reconstruction in healthcarepratices, Iterface- Comunic.,  Saúde, Educ., v. 8, n.14, p. 73-91, set. 2003 - fev.2004.

DELEUZE, G. Lógica do Sentido. São Paulo: Perspectiva, 1974.

DELEUZE, G. e GUATTARI, F. Mil Platôs – Capitalismo e Esquisofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.

DELEUZE, G. Spinoza et le problème de l’expression. Paris: Minuit, 1998.

FOUCAULT, M. nascimento da Clínica . Rio de janeiro: Forense Universitária, 1977.

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1985; GUATTARI, F e outro. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1993.

MACHADO, R. Nietzsche e a verdade. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

NEGRI, A.; LAZZARATO, M. Trabalho Imaterial: formas de vida e produção de subjetividade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

------ HARDT, M. O trabalho de Dionísio: Para a crítica ao Estado pós-moderno. Juiz de Fora, MG: UFJF – PAZULIN, 2004.

NOGARE, P.D. Humanismos e Anti-Humanismos – introdução à Antropologia Filosófica. Petrópolis: Vozes, 1994.

P.N. H. – SUS. Ministério da Saúde, Brasília- DF, 2004.

PULLEDA, S. A Crise do Humanismo Histórico e o Novo Humanismo. Disponível em: http:/ www.teotonio.org/crise.htm Acesso em: setembro de 2006.

SEVERINO, AJ. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 1993.