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TRANSIÇÃO POLÍTICA NO CONTEXTO DA GESTÃO EM SAÚDE MENTAL – PERSPECTIVAS A PARTIR DA EDUCAÇÃO PERMANENTE
Resumo
O problema: Em rodas de Educação Permanente no Colegiado de Saúde Mental de Osasco – SP entre 2012 e 2013 problematizamos a gestão do trabalho nos momentos de eleição e transição na gestão municipal. Observamos implicações de ordem político-organizacional, micropolíticas e emocionais que afetam a produção de cuidado e saúde. A experiência: O Colegiado adotou as rodas de EPS para lidar com um sentimento de angústia crescente neste contexto. Detectamos as seguintes implicações: a) Durante o período eleitoral cresce o sentimento de vazio e indefinição juntamente com o temor de que o trabalho construído está prestes a se perder. b) A ansiedade reside no temor de descontinuidade da gestão do Colegiado desde 2006 para integração da Saúde Mental na Atenção Básica e a ampliação dos espaços de participação - Assembleias, Reuniões de Rede e o Fórum de Saúde Mental. c) Nos períodos de eleição e transição ocorrem descontinuidades de diversas ordens: Falta de planejamento da gestão municipal Falta de recursos materiais e humanos.Cargos administrativos e de gestão dos equipamentos são distribuídos entre vereadores e/ou prefeito em função de interesses eleitorais. d) Observa-se um processo de alienação e assujeitamento dos trabalhadores e usuários: Incapazes de dar respostas a descontinuidades que estrangulam a assistência.Submetidos a processos arbitrários que interferem na gestão do trabalho. Esse processo de alienação se reflete sobre a produção do cuidado e de saúde: Prejudica o desenvolvimento de autonomia e a ampliação de relações compartilhadas. Favorece o descompromisso e acomodação do trabalhador efetivo. Para proteger a continuidade do trabalho realizado, elaborou-se um relatório de gestão que registra os marcos atuais no desenvolvimento da Rede de Apoio Psicossocial e traça um plano de continuidade. Esse instrumento: a) Propiciou à equipe uma sustentação para enfrentar o contexto de indefinição. b) Gerou um processo de produção de conhecimento com base na experiência. c) Ofereceu um documento consolidado para negociação com o novo gestor municipal da Saúde. Conclusões: As rodas de EPS fornecem antídotos para ansiedade, assujeitamento e acomodação gerados em períodos eleitorais e de indefinição da gestão municipal. Concluímos que os usuários também podem se beneficiar da discussão deste tema em rodas de EPS nas unidades e participar da elaboração de documentos direcionados à nova gestão.
Palavras-chave
transição política; eleição municipal; gestão do trabalho; educação permanente