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A pesquisa “A realidade do crack em Santa Cruz do Sul” desenvolve-se desde 2010 na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC/RS). Esta pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo utiliza-se da metodologia de análise do discurso (SPINK, 2000) para problematização de discursos (re)produzidos em entrevistas realizadas com 100 usuários de crack e 100 familiares de usuários. Após período de reflexões e problematizações, possibilitado pela análise dos dados, foram criadas ações de prevenção ao uso de drogas e promoção de saúde em escolas, com estudantes, professores e pais. Este resumo propõe apresentar um relato de experiência de um encontro com crianças (6 a 10 anos), desenvolvido numa escola no interior do município de Sinimbu (RS). Esta intervenção teve como dispositivo inicial apresentação de dois vídeos com historias infantis onde o protagonista fazia uso de cigarro ou álcool. Após a apresentação dos vídeos seguiram-se questionamentos para que as crianças falassem sobre suas percepções das histórias, estimulando diálogo, troca de experiências, reflexões. Os alunos trouxeram relatos sobre o uso abusivo de álcool entre familiares e vizinhos, que os vêem saindo do bar alcoolizados, presenciando brigas e quedas. O álcool faz parte da história da humanidade e trata-se de uma problemática transversalizada por diversos fatores, um agravante é quando se percebe que o “bar” ocupa lugar de encontro, quando faltam espaços de lazer, principalmente em áreas rurais, isto permite a naturalização do uso de álcool. Essa droga lícita, de fácil acesso se encontra no ambiente familiar e social, o tempo de uso e o modo como o sujeito estabelece uma relação com o álcool em sua vida podem indicar uso abusivo da substância, sendo necessário atentar para alterações no funcionamento psíquico, comportamental, sistema nervoso central e a dinâmica familiar. Estas crianças demonstram em seus discursos a naturalização do uso de álcool, mencionam o bar como espaço de lazer frequentado nos finais de semana, inclusive algumas crianças afirmaram que já provaram bebida alcoólica, ofertado por um adulto, geralmente um cuidador. Tal questão pode ser de risco a saúde e desenvolvimento psíquico na infância, quando se inserem as drogas na primeira instituição de convívio: a família. Um ambiente familiar atravessado pelo abuso do álcool influencia na construção de noções de cuidado, relacionamento, família, devido à constante presença de agressões conforme relatado pelas crianças. O trabalho possibilitou momentos reflexivos para alunos e pesquisadores sobre as experiências vivenciadas e suas repercussões.  Destaca-se neste trabalho o desenvolvimento de ações na infância como promotoras de saúde é um aliado na diminuição de impactos da violência que acompanha o uso abusivo de álcool, bem como, a prevenção através de reflexões sobre o lugar ocupado pelo álcool na vida em sociedade também se faz necessária.

promoção de saúde;ações na escola;alcoolismo