NARRATIVAS DAS MÃES SOBRE O PROGRAMA DE INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS NA UNIDADE BÁSICA DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA CÉLIO GIRÃO NA COMUNIDADE SERVILUZ EM FORTALEZA
Resumo
A Organização Mundial de Saúde apresenta que cerca de 13 milhões de crianças menores de cinco anos morrem normalmente no mundo por doenças do aparelho respiratório e 95% delas ocorrem nos países em desenvolvimento. No Brasil, as doenças respiratórias são responsáveis por aproximadamente 10% das mortes entre menores de um ano, a segunda causa de óbito na população de zero a um ano de idade e a primeira causa entre as crianças de um a quatro anos. Trata-se de um estudo de campo com abordagem qualitativa. Tem como objetivos apreender as narrativas das mães sobre o Programa de Infecções Respiratórias na Unidade Básica de Apoio a Saúde da Família (UBASF) Célio Girão na Comunidade Serviluz em Fortaleza; verificar como a equipe do PSF trabalha a questão da educação em saúde e a adesão das mães ao programa. A pesquisa é parte do programa de Iniciação Científica da Unichristus no período de agosto de 2013 a julho de 2014. A coleta de dados iniciou em novembro de 2013 na Unidade Básica de Apoio a Saúde da Família Célio Girão na Comunidade Serviluz em Fortaleza. Nessa fase da coleta foram realizadas visitas domiciliares, observação direta sobre o funcionamento do programa na UBASF e entrevistas com 6 mães. Na segunda fase será aplicado um grupo focal com 15 mães que fazem parte do programa. Faremos também uso diário de campo, de desenhos das mães, como técnica complementar, para interpretarmos as representações das informantes sobre o objeto de estudo. Os dados serão interpretados a partir da analise de narrativas e da hermenêutica interpretativa. Nesses primeiros contatos observamos que as doenças respiratórias das crianças podem estar relacionadas as condições de moradia, a escolaridade dos pais, o trabalho e renda, a alimentação, a cultura, o acesso a serviços e políticas públicas, conforme relato da mãe “o Dr. disse que era mais da poeira. A poeira aqui é demais! O Dr. disse: “mãezinha muito cuidado com as crise dele. Nóis dorme aqui com areia, já botei aqui esse plástico pra diminuir. E eu também cozinhava no fugareiro, só que não deu mais. Agora eu to cozinhando no álcool, fogão eu não tenho. Conclui-se, que é significativo elucidar o papel das determinações sociais no processo das doenças respiratórias dessas crianças na Comunidade e acreditamos que os estudos sobre avaliação de programas de saúde e de políticas sociais são importantes para que possam subsidiar políticas mais eficazes para o controle dessa patologia.
ADLER, N. Behavioral and social sciences research contributions in NIH Conference on Understanding and Reducing Disparities in Health, October 23-
AMARAL J. J. F.; MENEZES A. M. B; HALPERN R; VICTORA C. G; BARROS F. C. Prevalência e fatores de risco para infecção respiratória aguda em crianças aos seis meses de vida. Revista de Pediatria do Ceará. v. 5, n. 2, p.26-37, jul e dez/2004.
BADZIAK, R. P. F.; MOURA, V. E. V. Determinantes sociais da saúde: um conceito para efetivação do direito à saúde. Revista de Saúde Pública. Santa Catarina, Florianópolis, v. 3, n. 1, p. 69-79, jan./jun. 2010.
BENGUIGUI. Y, et al. Infecções respiratórias em crianças. Organização mundial da saúde e Organização Pan- ameriacana da saúde. Washington, 1998.
BOSI, M. L. M.; MERCADO, F. J. Avaliação qualitativa de programas de saúde: enfoques emergentes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. Physis, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 77-93, abr. 2007.
CHIESA, A.; WESTPHAL, M. F.; AKERMAN, M. Doenças respiratórias agudas: um estudo das desigualdades em saúde. Caderno de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 24, n. 1, p. 55-69, jan. 2008.
CRUZ NETO, O. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, M.C.S. Pesquisa social: teoria, métodos e criatividade. 19. ed. Petrópolis; Vozes, 2001.
CUNHA, A. J. L. A. da. Manejo de infecções respiratórias agudas em crianças: avaliação em unidades de saúde do Rio de Janeiro. Caderno de Saúde Púbica. Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 55-61, jan-fev 2002.
GIL, C. R. R. Atenção primária, atenção básica e saúde da família: sinergias e singularidades do contexto brasileiro. Cadernos de saúde pública-CSP. Porto Alegre: ABEC, 06/2006. p. 1171 A 1181. Português. v. 22 fas. 6.
MINAYO, Mª C. de S. O Desafio do Conhecimento- pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: HUCITEC, 2006.
SIGAUD, C. H. S. Concepções e práticas maternas relacionadas à criança com pneumonia: estudo realizado no município de São Paulo [Tese de Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo; 2003.