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O TRABALHO COLETIVO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS DOS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE
Resumo
O presente trabalho apresenta resultados parciais da dissertação de mestrado em Saúde da Família, que analisa as representações sociais dos profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) da Secretaria Executiva da Regional VI do município de Fortaleza (CE), acerca da interdisciplinaridade. Parte-se da premissa que o processo de reflexão acerca do trabalho coletivo realizado no âmbito da Atenção Básica em Saúde é condição sine qua non para a consolidação de um modelo humanizado que realmente efetive a melhoria da qualidade de vida da população. Objetivos: Analisar a percepção de profissionais de equipes multiprofissionais dos Núcleos de Atenção à Saúde da Família acerca da interdisciplinaridade no processo de trabalho na Atenção Básica em Saúde. Método: Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter descritivo e analítico, de abordagem é crítico-dialética. São participantes deste estudo os profissionais das equipes que compõem os NASF; gestores envolvidos e profissionais dos Centros de Saúde da Família. Uma amostra representativa foi constituída mediante processo de saturação. Quanto aos instrumentos de coleta de dados, utilizou-se a observação participante ou em profundidade, cujos relatos foram anotados em diário de campo. Os dados coletados, por meio dos instrumentos da pesquisa, foram analisados a partir da Hermenêutica de Profundidade (HP).Resultados: Os caminhos percorridos confirmaram pressupostos iniciais da pesquisa, demonstrando que apesar da interdisciplinaridade estar “prescrita” no contexto das práticas de Saúde da Família, sua efetivação nos processos de trabalho no NASF encontra-se ainda embrionária, resultado de inúmeros fatores intrínsecos e extrínsecos ao próprio grupo. As dificuldades oriundas dos encaminhamentos da gestão, a capacitação ainda insuficiente dos profissionais e a precarização das relações de trabalho são elementos que impactam negativamente as possibilidades de práticas efetivamente interdisciplinares. Contudo, as falas dos sujeitos também denotam inúmeras possibilidades que se constroem no campo da saúde e que inspiram a superação da fragmentação dos múltiplos saberes que atuam na perspectiva coletiva. Conclusão: Na produção do trabalho em saúde é o trabalho coletivo, de caráter interdisciplinar que se coloca como elemento propiciador e realizador das práticas educativas. Para compartilhar tais práticas e utilizar-se de metodologias coletivas, a atuação dos NASF impõe a necessidade concreta de uma atitude interdisciplinar consciente e que possibilite a ampliação e eficácia das práticas educativas. A ausência deste entendimento nos parece um desafio, como outros tantos que estão circunscritos ao campo da saúde em nosso país. O “embotamento” desta compreensão traz prejuízos ao processo de trabalho proposto nas Diretrizes da Atenção Básica em Saúde.
Palavras-chave
Atenção Básica em Saúde; Interdisciplinaridade; Núcleos de Apoio à Saúde da Família